Marcelo Rebelo de Sousa “é o avô Nana de Portugal” nas redes sociais em Timor-Leste
“É o avô Nana de Portugal”, pode ler-se em vários comentários aos vídeos e fotos de Marcelo Rebelo de Sousa nos contactos com a população, e que levaram a que fosse comparado a Xanana, também ele reconhecido pelo seu regular e intenso contacto popular.
Comentários em tétum, em português ou em inglês que tornaram o chefe de Estado no assunto mais popular que quase ‘destronou’ momentos como a investidura do novo Presidente, José Ramos-Horta, ou as celebrações dos 20 anos da restauração da independência.
Muitos destacam a proximidade entre o ‘bainaka’, o ‘ema bo’ot’ – termos que distinguem, em Timor-Leste, a ‘gente maior’, os mais velhos ou mais destacados da sociedade – e os ‘ema kiik’, a ‘gente pequena’ que define o povo.
“Um ’ema bo’ot’ que não tem barreiras com os ’ema kiik’. Parabéns senhor Presidente de Portugal”, escreve um, enquanto outro o descreve como “o presidente do CR7” e outro ainda o identifica como “o Presidente do povo”.
Vídeos da primeira caminhada pelas ruas de Díli, pouco tempo depois de ter aterrado em Díli, têm dezenas de milhares de visionamentos e milhares de partilhas, com comentários tanto de timorenses como de muitos portugueses a residir no país.
“Símbolo do amor português pela nossa pátria e pelo povo de Timor”, “inacreditável este avô Presidente” ou “o nosso sincero respeito”, são três entre muitos dos comentários.
“Bem-vindo às nossas ruas que são também as suas”, lia-se noutro comentário. “Agradecemos o seu amor a esta terra do sol nascente. Viva Portugal”, acrescenta outro.
Entre as mais comentadas estão as relacionadas com a visita ao cemitério de Santa Cruz, palco do massacre de 12 de novembro de 1991.
“Muita surpresa e orgulho pelo facto de o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, ter visitado a campa do nosso avô João Braz, de Montalvão, no cemitério de Santa Cruz”, escreveu Nai Dato, num dos muitos comentários.
Fotos do mergulho que deu na Praia da Areia Branca (sem jornalistas) também suscitaram comentários de surpresa, de “orgulho” e de saudação a uma forma de estar que, entre a população, suscita regozijo e alegria.
“Que lindo gesto. É um Presidente humanista. Uma grande vénia de orgulho daqui, de Maliana, a sua excelência o Presidente da República de Portugal”, lia-se num dos muitos comentários. “We love you”, escrevia outra timorense.
Com a proliferação dos telemóveis e pacotes convidativos das operadoras de telecomunicações do país para as redes sociais, o Facebook é o instrumento de comunicação por excelência.
Praticamente todos os líderes do país a utilizam – ou têm quem a utilize por si – e mesmo quem não a usa diretamente, ‘bebe’ dela informação, partilhada depois em milhares de grupos do Whatsapp, potencialmente a seguinte forma de comunicação mais utilizada do país.
Dias antes da chegada de Marcelo Rebelo de Sousa, já circulavam nas redes sociais ‘selfies’ com o Presidente português utilizando a app “Marcelfie” e que levaram alguns a pensar que o chefe de Estado até já estava em Timor-Leste.
A dimensão do uso do Facebook é tanta que há instituições de Estado que praticamente só comunicam pela plataforma, que foi um dos elementos mais importantes da recente campanha eleitoral de José Ramos-Horta, com uma equipa de comunicação a garantir diretos e a partilha de vídeos e fotos quase de forma constante.
Uma tendência que se manteve já na reta final antes da investidura e mesmo depois com regulares notificações de que “Ramos-Horta está em direto”.
Igualmente em franco crescimento está o Tik Tok – o próprio Xanana Gusmão participou em vários vídeos a dançar -, com a população mais jovem a partilhar também ‘selfies’ com Marcelo Rebelo de Sousa.
“Me and my bro’, the President”, escreveu um jovem na fotografia que tirou com os amigos e o Presidente na visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Escola Portuguesa de Díli.
Dias antes da visita de Marcelo Rebelo de Sousa, e em entrevista à Lusa, a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, destacou a importância da visita para os laços bilaterais.
“Vejo e espero que seja entendido em Lisboa que esta visita vai durar na memória de muita gente durante muitos anos”, disse, referindo-se ao impacto de “um lastro o mais significativo e prolongado possível”.
“Uma visita desta natureza é uma visita histórica. Acho que o senhor Presidente quando chegar vai perceber isso”, disse.
Com pouco mais de um dia de viagem, o algoritmo das redes sociais, agora, também parece ter percebido.