25 de Abril: « Uma grande reportagem sobre a maior aventura do nosso tempo »
O livro “Capitães de Abril – A Conspiração e o Golpe”, de Rui Cabral e Luís Pinheiro de Almeida, apresentado ontem, em Lisboa, é “uma grande reportagem sobre a maior aventura do nosso tempo”, disse à Lusa um dos autores.
“Este livro pretende ficar para a posteridade”, apesar de ser “um sonho um bocado megalómano, mas é um bocado o que sentimos ao fazer este livro”, disse o jornalista Rui Cabral à agência Lusa, no final da apresentação de “Capitães de Abril – A Conspiração e o Golpe”, realizada no auditório da Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
Editado pelas Edições Colibri, com o apoio da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da Agência Lusa, onde os dois jornalistas e autores trabalharam, a obra recupera “todo o movimento de capitães, a partir do 1.º Congresso da Liga dos Combatentes », realizado em junho de 1973, onde ocorreram « as primeiras contestações dos militares do quadro”, acrescentou Rui Cabral.
Os dois autores seguiram depois “todo esse percurso conspirativo que desembocou no 25 de Abril, o golpe e [a tomada de] todos os objetivos que tinham sido planeados: a RTP, o aeroporto, a Emissora Nacional, o quartel-general, o Rádio Clube Português”, com uma descrição, “o máximo possível jornalística e objetiva como se de uma grande reportagem se tratasse”, observou.
“No fim de contas, é uma grande reportagem sobre a maior aventura do nosso tempo”, sustentou Rui Cabral, sublinhando o facto de a obra ter sido apresentada pelo coronel Rodrigo Sousa e Castro, que, em 1973, fez parte da Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães, na clandestinidade.
“Um capitão de Abril, um valoroso capitão de Abril que [no lançamento] deu uma explicação muito perfeita dos acontecimentos e de como tudo se desenrolou”, frisou.
Rui Cabral observou ainda ter sido “muito cansativo, mas muito entusiasmante” o processo de escrita do livro, com o qual foram recuperar um trabalho que ambos tinham elaborado nos 20 anos do 25 de Abril, editado pela agência Lusa – a revista “25 de Abril – memórias” – e que “foram desenvolvendo”.
“Capitães de Abril – a Conspiração e o Golpe” tem ainda “um pormenor muito importante”, indicou Rui Cabral, acrescentando que, “talvez pela primeira vez”, foram buscar a “chamada ‘arraia-miúda’ da revolução”.
“Os furriéis, os aspirantes milicianos, aqueles que estavam a estudar, chumbaram o ano e foram para a guerra, ou foram para a tropa e estavam em vias de ir para a guerra… E quando o capitão revoltoso lhes pergunta se alinham, eles dizem ‘É para irmos para casa? Vamos já todos!’”, enfatizou.
Admitindo que a história do 25 de Abril “é feita de múltiplas histórias”, o antigo jornalista da Lusa referiu que, tanto ele como Luís Pinheiro de Almeida pretenderam fazer um livro “muito pedagógico”.
E muito de acordo com « o jornalismo de base de agência, que é muito rigoroso”, sublinhou, acrescentando que, depois, foi possível “’pintar por cima’ com verdade, com realidade” e “dar-lhe cor”.
“Dar cor a essa grande aventura” que foi o 25 de Abril de 1974, concluiu.
Alfa/ com Lusa