Embaixador Torres Pereira elogia Comunidades no Dia de Portugal

 

(Na foto de Mário Cantarinha, com os responsáveis da Cultura e do Ensino, respetivamente João Pinharanda (cronista habitual da Rádio Alfa) e Adelaide Cristovão.

DISCURSO NA ÍNTEGRA DO EMBAIXADOR JORGE TORRES PEREIRA EM FRANÇA POR OCASIÃO DO DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES – junto ao busto do poeta em Paris (com Lusojornal)

Senhor Cônsul Geral de Portugal em Paris,

Senhor Representante da Maire de Paris,

caros Compatriotas,

meus Amigos

 

Continuamos a tradição de, no 10 de Junho, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, depositarmos uma coroa de flores junto ao busto do Poeta, nesta Avenue de Camoens, em Paris, a cidade estrangeira com a maior população portuguesa. No ano passado falámos muito de Luís de Camões, gostaria hoje de sublinhar a terceira componente do nosso dia nacional: as Comunidades portuguesas.

Não é de resto comum que um dia nacional tenha na sua designação uma referência expressa às Comunidades no estrangeiro, é talvez caso único. Diz muito, da importância real e também simbólica – pois os nomes são símbolos, sinais potentes de como vemos o que descrevemos, neste caso a Comunidade nacional no seu todo – que lhe atribuímos. Valoriza a importância da diáspora na vida e na identidade de Portugal.

Não poderia deixar de ser assim, quando cerca de um terço dos nossos compatriotas fazem a sua vida no estrangeiro. Mas o que quero sublinhar é que essa dimensão da nossa vida nacional é bem compreendida e valorizada por todos os portugueses.

A importância da nossa diáspora prende-se, não só com o próprio número muito expressivo dos que estão longe e que nos fazem falta, uma infinidade de nossos irmãos, filhos, pais, amigos, que se encontram longe de nós, que sentem saudades da sua terra e que se agrupam e associam entre si para manterem viva a chama do que somos. Portugalidade, costumes, gastronomia, cultura. Mas prende-se também com o grande valor que ela também acrescenta ao país.

Partindo para procurar melhores condições de vida, os nossos compatriotas integraram-se exemplarmente nas sociedades que os acolheram, prosperaram, adquiriram conhecimentos, e estatuto e, pelo facto de nunca terem cortado o fio que os liga ao nosso país, contribuem também para o fazer avançar, transformando-se numa crucial rede de apoios no estrangeiro em suma como nossos Embaixadores nas empresas que dirigem ou em que trabalham, nos órgãos públicos para que são eleitos, nas entidades académicas e científicas em que estudam ou fazem pesquisa, nas agremiações a que pertencem.

Esse valor atribuído à nossa diáspora é bem reconhecido aliás, pelas mais altas instâncias da República. Com bem evidente na tradição Suas Excelências o Presidente da República e o Primeiro Ministro celebrarem o 10 de Junho num país estrangeiro onde existe uma expressiva Comunidade portuguesa – e essa tradição começou exatamente aqui em Paris, reconhecendo-a como a maior cidade portuguesa fora de Portugal.

Já no próximo ano, a Comunidade portuguesa em França terá uma ocasião muito importante para ser honrada e também para se orgulhar do país moderno e atrativo em que Portugal se tornou com a realização, com início em fevereiro, da Temporada Cruzada Portugal-França que trará a este país o melhor da nossa cultura, mas constituirá também uma oportunidade de estimular contactos em muitas áreas, da ciência, à juventude, ao mar ou ao desporto.

A “Saison France-Portugal” visa atualizar a imagem dos dois países, superando preconceitos e ideias ultrapassadas, mas terá também uma importante dimensão social e até lúdica, pretendendo constituir, em particular, uma grande festa de Portugal em França – em que tenho a certeza todos os Portugueses aqui residentes quererão participar.

Deixo aqui o apelo para que procurem informar-se das atividades que se irão realizar e que nelas participem sempre que possível. Esta celebração é também, em parte significativa, realizada a pensar na Comunidade, em particular a nossa juventude.

Outro tema que constitui motivo de orgulho para nós é a nossa Presidência do Conselho da União Europeia no semestre que termina no final deste mês. Tratou-se de um exercício exigente, que obrigou a uma preparação exaustiva e atempada, em que o Governo e, em particular, a diplomacia portuguesa, se empenharam ativamente e que mais uma vez revelou a capacidade do nosso país para fazer avançar a agenda europeia, levando a bom porto negociações difíceis. Denotando as qualidades que nos definem como povo, de flexibilidade, tolerância, abertura ao outro e capacidade de estabelecer pontes.

Entre os sucessos da nossa Presidência da União Europeia contou-se, através da Cimeira do Porto, em maio, o recolocar a temática social no centro da agenda europeia, algo de indispensável para que as transições ecológica e digital ocorram sem deixar ninguém para trás; a conclusão da negociação da importantíssima Lei do Clima; bem como todo o trabalho que permitisse dar seguimento às decisões cruciais sobre como sairmos da crise gerada pela pandemia, promovendo um calendário rápido para a concretização dos planos nacionais de relançamento económico.

Mais recentemente a Presidência portuguesa teve um papel muito importante na rapidez com que conseguiu adotar um passaporte sanitário comum que nos permitirá viajar da forma mais livre e descomplicada possível já nas próximas semanas – nomeadamente no regresso e visitas de muitos a Portugal este verão.

Em Paris desenvolvemos um programa intenso de interação com estas autoridades durante a nossa Presidência, promovendo o conhecimento das ações tomadas neste semestre e auscultando as posições francesas, nomeadamente através dos contributos de inúmeros Ministros franceses que se deslocaram à nossa Embaixada, além de outros importantes atores políticos, económicos, científicos e culturais.

Foi pena, por força da Covid, que não tenha sido possível alargar os programas da nossa Presidência a públicos mais amplos – embora tenhamos feito um esforço de disponibilizar alguns conteúdos na net – mas esta contingência – que também afetou negativamente a vida dos Portugueses em França e a atividade das suas associações – parece estar próxima de se levantar, permitindo, como aqui se disse, “le retour des jours heureux”.

E é com esta nota de esperança – que se estende ao desejo de fortuna para a nossa Seleção no Europeu que está a começar – que desejo concluir esta cerimónia.

Desejo a todos um caloroso 10 de Junho e permito-me agradecer aos Portugueses em França tudo o que aqui fazem em prol do nosso país. São de facto um pilar da nossa Comunidade nacional.

Desejo a todos – dias felizes.

Viva Portugal!

 

Article précédentPedidos 18 meses de prisão para homem que esbofeteou Macron
Article suivantFérias, viagens e desconfinamento. Conselhos do Cônsul-Geral de Portugal. E muito mais. Entrevistas. Passagem de Nível, domingo, 13