Costa elogia emigrantes portugueses em França que abriram caminho a uma « relação única » entre os dois países
O primeiro-ministro cessante, António Costa, enalteceu ontem à noite a « relação única que a França e Portugal desenvolveram graças à comunidade portuguesa » naquele país e a capacidade empreendedora dos portugueses que emigraram desde a década de 1960.
Falando em francês, antes de um concerto comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, na Câmara de Paris, António Costa prestou homenagem aos mais de 900 mil portugueses que desde os anos 60 do século passado emigraram para França e que muito contribuíram para o desenvolvimento daquele país.
Acompanhado pela presidente da Câmara de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que antes já tinha elogiado a comunidade lusa em França, o líder do executivo português salientou a capacidade empreendedora dos portugueses emigrados, que « vingaram na vida » e deram um « contributo muito importante » para o desenvolvimento daquele país.
Numa altura em que o radicalismo de direita usa o combate à imigração como bandeira política, António Costa fez o contraponto, lembrando que a terceira geração dos emigrantes da década de 60 não cortou as relações com Portugal, continuando com « a ligação ao seu povo ».
O primeiro-ministro lembrou a forma como os portugueses de Paris festejaram a conquista do Euro2016 em futebol, parecendo que estavam no seu país, para deixar a imagem da relação com as suas raízes e com o país de acolhimento.
Antes, Anne Hidalgo tinha elogiado também a comunidade portuguesa, apontando o caso dos festejos do Euro2016 como um caso de integração bem conseguida.
Como se estava a falar dos emigrantes, mas também dos exilados, António Costa aproveitou para lembrar Mário Soares, o socialista que seria o primeiro Presidente da República civil após o 25 de Abril, arrancado uma ovação da sala.
Costa e Hidalgo assistiram a um concerto franco-português, comemorativo da Revolução dos Cravos, pela Orquestra Parisiense Centenária “Colonne”, dirigida pelo maestro Cesário Costa, com muitas músicas de intervenção que marcaram o período revolucionário, como o Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso, E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, ou mesmo Um Cheirinho de Alecrim, de Chico Buarque.
Antes o primeiro-ministro português e a autarca parisiense estiveram reunidos cerca de meia hora.
Alfa/ com Lusa