Paris2024: Portugal tem melhores desportistas do que se imagina – Carlos Lopes
Iúri Leitão e Pedro Pichardo igualaram o feito de Carlos Lopes, ao juntarem uma medalha de prata ao título olímpico, algo que o antigo maratonista considerou ontem mostrar que Portugal tem melhores desportistas do que se imagina.
Na estreia lusa em provas masculinas de pista, em Paris2024, Iúri Leitão e Rui Oliveira venceram no madison e juntaram-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo, todos campeões olímpicos no atletismo, com o vianense, prata no omnium, a tornar-se ainda no primeiro a conquistar duas medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos.
Antes, já Pichardo, campeão do triplo salto em Tóquio2020, tinha arrecadado a prata em Paris2024, igualando Carlos Lopes, ouro na maratona em Los Angeles1984 e prata nos 10.000 metros em Montreal1976.
Ontem, na inauguração da iluminação à rotunda existente em sua homenagem, em Viseu, a sua terra natal, salientou a importância destas conquistas recentes, nomeadamente a primeira medalha de ouro fora do atletismo.
“Portugal ter ganho e o [ciclista] Iúri [Leitão] ter ganho duas medalhas é bom para o desporto português, é bom para ele e, acima de tudo, para abrir a mente das pessoas, porque é possível sermos muitos mais e melhores desportistas do que aquilo que as pessoas imaginam”, afirmou o antigo maratonista, agora com 77 anos.
Carlos Lopes conquistou o primeiro ouro luso há 40 anos e um dia, em 12 de fevereiro de 1984, o título olímpico na maratona dos Jogos Los Angeles1984, então juntando-o à prata nos 10.000 metros em Montreal1976.
“Ou um tipo vai para lá para ganhar ou, se vai com medo, o que é que ganha? Nada. Está sujeito a desistir, porque o medo faz parte do cidadão, mas ao não ter medo de perder está mais perto de ser campeão”, defendeu.
O antigo atleta elogiou as “qualidades extraordinárias” dos jovens portugueses, reconhecendo que “é muito mais difícil” alcançar resultados sem o apoio do Estado.
“Também temos de ter coragem de dizer: sem o Estado estar presente nisto é muito mais complicado, é muito mais difícil, porque a vida não está fácil para ninguém e nós fazemos um esforço tremendo sem condições e assim vamos continuar a ter muitos problemas”, acrescentou.
Nesse sentido, alertou que o desporto não existe “de quatro em quatro anos”, com os Jogos Olímpicos, realçando que o fenómeno “é grande, ultrapassa fronteiras e une pessoas”.
“O desporto é todos os dias, o trabalho é diário para que, naquele dia, as coisas saiam perfeitas. Já há condições, mas é curto e nós temos jovens com qualidades extraordinárias”, salientou o antigo atleta, considerando que os olímpicos lusos presentes em Paris2024 foram “potências”, alguns que fizeram “partir o coração, quando perderam”.
Paris recebeu, entre 26 de julho e o último domingo, os Jogos Olímpicos da XXXIII Olimpíada, com Portugal a conquistar quatro medalhas, com o destaque a ir para o ouro no madison dos ciclistas Rui Oliveira e Iúri Leitão, que foi prata no omnium masculino, com Pedro Pichardo a ser segundo no triplo salto e a judoca Patrícia Sampaio a conquistar o bronze em -78kg, além de outros 10 diplomas.
Além de Leitão, Pichardo, Lopes e Ribeiro, também Rosa Mota, ouro em Seul1988 e bronze em Los Angeles1984, ambas na maratona, e Fernanda Ribeiro, ouro em Atlanta1996 e bronze em Sydney2000 nos 10.000 metros, contam dois ‘metais’, tal como o cavaleiro Luís Mena e Silva, bronze em Berlim1936 e Londres1948, e o canoísta Fernando Pimenta, prata em Londres2012 e bronze em Tóquio2020.
Alfa/Lusa