O cantautor nasceu no Porto. O álbum mais emblemático de José Mário Branco foi Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. José Mário Branco é autor de uma obra singular no panorama musical português, passando por géneros como a música de intervenção e o fado, entre outros. Morreu há cinco anos.
Foi compositor e produtor da esmagadora maioria dos álbuns do fadista Camané. E compôs e produziu também alguns discos da fadista Kátia Guerreiro. José Afonso, Sérgio Godinho ou Luís Represas são apenas alguns dos artistas com quem trabalhou.
José Mário Branco ganhou dois prémios José Afonso, prémio que destingue e reconhece aquilo que é feito em Portugal na música. E foi homenageado, em 2017, na feira do livro do Porto, no mesmo ano em que celebrou 50 anos de carreira com o lançamento de um disco de inéditos.
Na juventude, estudou História nas Universidades de Coimbra e do Porto. Nessa época, tornou-se dirigente da associação católica e membro do Partido Comunista, o que o levou a ser perseguido pela PIDE e, mais tarde, a exilar-se em França. É ainda no exílio em França, e numa altura de plena luta contra o Estado Novo, que lança o seu álbum mais emblemático, « Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades », em 1971. A partir desta altura começa a ganhar nome no panorama musical e na música de intervenção.
José Mário Branco lançou o seu último álbum de originais, em 2004, com o nome « Resistir é vencer », em homenagem ao povo timorense.
Foi músico, autor e responsável pela produção e arranjos musicais de uma série de discos de outros artistas portugueses, como Sérgio Godinho, Fausto Bordalo Dias ou Zeca Afonso.
O fadista Camané homenageia o músico José Mário Branco, ao qual se referiu como « um professor », no seu novo álbum, gravado ao vivo no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e que é apresentado hoje na capital. No concerto na base do novo álbum, além dos fados que José Mário Branco compôs para si, Camané interpreta alguns temas do repertório do criador de « FMI », como « Queixa das Almas Jovens Censuradas », sobre poema de Natália Correia, que cantou pela primeira vez neste espetáculo. « É uma daquelas músicas que fazia parte da minha memória », disse o fadista referindo que José Mário a trauteava muitas vezes. Sobre o compositor, Camané afirmou: « Era uma pessoa fantástica, e um professor. O José Mário tem um percurso muito anterior [ao meu], uma obra musical extraordinária, e depois trabalhámos juntos praticamente 20 anos, em que os discos que eu gravei foram produzidos por ele, e eu tive essa sorte ». « Aprender é a coisas mais importante neste percurso todo que eu fiz. Tive a sorte de passar pelas casas de fado […], nesses anos todos desde que era criança até que tinha trinta e tal anos, tive a sorte de ter cantado nas casas de fados e de aprender com os fadistas, com os músicos e com todos. Depois, quando saio e começo a gravar [discos], em 1995, eu tinha de saber transportar aquilo que é fado, que é a minha forma de estar, para os palcos, e o José Mário ajudou-me nisso tudo, nos discos e no palco ».