No âmbito do cinquentenário da Revolução dos Cravos, a Maison du Portugal – André de Gouveia acolhe a exposição Marias de Abril: o cravo no feminino, da artista plástica luso-americana Melanie Alves.
A inauguração, que terá lugar no dia 4 de dezembro às 19h30, contará com a participação da cantora portuguesa engajada A Garota Não (nome artístico de Cátia Oliveira), que, tal como Melanie, pratica o artivismo: utiliza a sua arte para promover mudanças na sociedade. Os temas fundamentais do seu trabalho incluem o 25 de Abril, a repressão, o feminismo e os direitos humanos.Esta exposição pretende homenagear todas as mulheres que, de forma mais ou menos pública, viveram, resistiram e lutaram contra a ditadura em Portugal, retirando-as assim da obscuridade e do silêncio a que foram condenadas desde muito jovens.
O projeto nasceu quando, ao observar fotografias antigas, a artista teve uma visão muito clara do que era o Estado Novo: durante 48 anos, Portugal só usava calças (os Manéis), enquanto as saias (as Marias) estavam literalmente confinadas à esfera familiar e doméstica. Durante este período, as mulheres portuguesas eram, em grande parte, “Marianas encarceradas em conventos”, como afirmam as muito controversas “Três Marias” no seu livro coletivo Novas Cartas Portuguesas. De facto, nos seus papéis de trabalhadoras, bem como de filhas, mães ou esposas, foram elas as que mais sofreram com o regime ditatorial e, paradoxalmente, as menos presentes nas evocações do 25 de abril de 1974. Era chegada a hora de “abrir as portas do convento e libertar as Marianas”. Helena Pato, Maria Barroso, Natália Correia, Maria Lamas, Catarina Eufémia, Maria Velho da Costa, Isabel Barreno e Maria Teresa Horta são algumas das mulheres que plantaram os cravos e foram motor da revolução.
Uma entrevista conduzida por Ricardo José: