Portugal/Lisboa. Grupo contra racismo e xenofobia condena operação policial no Martim Moniz

Participantes na ação de solidariedade para com os migrantes sob o mote “Cada um com um cravo para o(s) oferecermos, ao longo da Rua do Benformoso, em jeito de pedido de desculpas pela rusga policial”, em Lisboa, 21 de dezembro de 2024. A PSP realizou, na tarde de quinta-feira, uma “operação especial de prevenção criminal” na zona do Martim Moniz, Lisboa, sobretudo para deteção de armas e droga.

Grupo contra racismo e xenofobia condena operação policial no Martim Moniz

 

O Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia manifestou « revolta, indignação e humilhação » pela operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, alertando ser necessário resolver as carências existentes nesta zona de Lisboa.

O grupo « como tantas pessoas, portuguesas e estrangeiras, residentes em Lisboa e noutras cidades, mostra a sua revolta, indignação e humilhação por ver o tratamento dado a cidadãos comuns, comerciantes, clientes, transeuntes da Rua do Benformoso, na tarde » de 19 de dezembro, disse num comunicado divulgado na sexta-feira à noite.

Sobre a ‘operação especial de prevenção criminal’ da polícia, que fechou a rua do Benformoso, efetuou buscas em lojas e estabelecimentos e obrigou dezenas de pessoas a estar em posição de revista, encostadas à parede, durante uma hora, o grupo disse estar « triste e angustiado », bem como « chocado com as declarações do primeiro-ministro, afirmando que estas ações se irão repetir ».

Apontou que naquela rua « há muitas carências que devem ser tratadas com urgência, incluindo a melhoria na recolha de lixo, programas de cuidado para toxicodependentes, articulação das instituições com a sociedade civil, policiamento de proximidade ».

Mas, sublinhou que as comunidades residentes na zona, « portuguesas e de outras origens, estão desagradadas com estas operações policiais absolutamente desproporcionais à criminalidade que ali existe e revoltadas pois o investimento necessário para melhorar a situação não está a ser feito ».

Na mesma nota, o grupo indicou que quem conhece a zona « sabe dos problemas que se têm vindo a agravar e que não são de todo exclusivos desta rua », referindo o consumo de droga nas ruas, « feito por toda a Mouraria e outras zonas da cidade », « a falta de recolha e limpeza de lixo das ruas, a dificuldade de acesso à habitação que tem levado tanta gente a viver na rua e à sobrelotação das casas ».

No comunicado, o grupo lembrou a iniciativa legislativa cidadã para alterar o Código Penal e « criminalizar todas práticas racistas e xenófobas que são consideradas como ilícitos de menor gravidade sujeitos a coimas ».

O grupo vai apresentar a proposta para ser « debatida e aprovada pela Assembleia da República » quando obtiver 20.000 assinaturas.

Alfa/ com Lusa

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