Moçambique/Eleições: Pelo menos 16 mortos desde segunda-feira na contestação dos resultados

Um cenário de caos, barricadas, destruição e saques marca hoje a cidade de Maputo, um dia depois da proclamação dos resultados das eleições gerais, mas no meio das mesmas avenidas, bloqueadas por manifestantes, também se cozinha arroz com repolho, Maputo, Moçambique, 24 de dezembro de 2024. LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

Moçambique/Eleições: Pelo menos 16 mortos desde segunda-feira na contestação dos resultados

 

Pelo menos 16 pessoas morreram em Moçambique e 42 foram baleadas desde segunda-feira nas manifestações de contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro proclamados pelo Conselho Constitucional, segundo balanço feito hoje pela plataforma eleitoral Decide.

De acordo com o balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, com dados de 23 e 24 de dezembro, até às 13:30 locais (menos duas horas em Lisboa), as províncias de Nampula, Zambézia e Sofala, norte e centro do país, registaram, cada, quatro mortos, além de dois em Tete e dois na província e cidade de Maputo.

Há ainda registo de 42 pessoas baleadas, das quais 15 na cidade de Maputo, sul, e 11 em Nampula, mas também 73 detenções, incluindo 37 na capital moçambicana e 17 em Sofala.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

A capital, Maputo, vive hoje um novo dia de caos, com avenidas bloqueadas por manifestantes, pneus a arder e todo o tipo de barricadas, em contestação ao anúncio dos resultados, que envolvem saque e destruição de vários estabelecimentos privados e públicos, incluindo bancos.

Estas manifestações e paralisações, que desde 21 de outubro – balanço anterior a segunda-feira – já tinham provocado a morte de pelo menos 120 pessoas, têm sido convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados inicialmente anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e agora proclamados pelo Conselho Constitucional, que lhe atribuem cerca de 24% dos votos.

Além de Venâncio Mondlane, também Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, até agora maior partido da oposição) e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), ambos candidatos presidenciais, anunciaram que não reconhecem os resultados eleitorais.

A proclamação destes resultados pelo Conselho Constitucional confirmou a vitória de Daniel Chapo, jurista de 47 anos, atual secretário-geral Frelimo anunciada em 24 de outubro pela CNE, mas na altura com 70,67%.

“Chegou a hora de pensarmos com calma e serenidade sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática que representa a riqueza, a diversidade do país. Esse diálogo é chave para superar as nossas diferenças”, afirmou Chapo, logo após a proclamação dos resultados.

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