Primeiro-ministro defende que imigrantes ilegais na UE devem retornar aos países de origem

O primeiro-ministro, Luis Montenegro, na sessão plenária de apresentação do Programa do XXV Governo Constitucional, na Assembleia da República, em Lisboa, 17 de junho de 2025. MIGUEL A. LOPES/LUSA (Foto Ilustração).

O primeiro-ministro defendeu hoje que os imigrantes ilegais na UE devem retornar aos países de origem e argumentou que a Europa só alocará « bons recursos humanos » à sua economia se tiver uma « imigração regulada ».

Na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos da cimeira dos Países do Sul da União Europeia (MED9), na cidade de Portoroz, Eslovénia, Luís Montenegro sublinhou a relevância da imigração para a coesão social e económica da União Europeia (UE), afirmando que se trata de um “fator de competitividade económica”, mas ressalvou a necessidade de regulação.

“Nós precisamos de mão de obra. Mas só é possível nós alocarmos bons recursos humanos à nossa economia se tivermos uma imigração regulada, se as nossas fronteiras tiverem o controlo que precisamos para integrar bem, para dar esperança a quem procura na Europa uma oportunidade de trabalho e para não fomentarmos a imigração ilegal”, defendeu.

O primeiro-ministro argumentou também que a imigração ilegal deve ter como consequência “o retorno daqueles que chegam à Europa” ao país de origem e apelou ao “combate às redes ilegais, máfias organizadas, que estão a traficar seres humanos”.

Montenegro adiantou que os países do sul da UE presentes na cimeira “estão muito de acordo quanto à necessidade de implementar pactos sobre a imigração”, porque, acrescentou, “isso vai dar mais competitividade à economia, com absorção no mercado de trabalho da mão de obra que precisamos e com a consequência que tem de ser implementada para aqueles que violam estas regras”.

O primeiro-ministro reiterou também que o bloco europeu precisa de avançar com a União de Poupança e Investimentos e um mercado único de capitais.

Luís Montenegro afirmou ainda que a UE “precisa de ser mais competitiva do ponto de vista energético”, enfatizando que há capacidade produtiva, em particular de energia verde, e que a Europa “não pode tardar em cumprir projetos de interligação” e de ligação a outras áreas geográficas como o norte de África.

 

Montenegro concorda com proibição da burca no espaço público.

O primeiro-ministro disse hoje concordar com o projeto aprovado no parlamento para proibir o uso da burca no espaço público, argumentando que está em causa o direito à segurança.

“Tenho uma opinião muito clara relativamente ao processo legislativo que decorre na Assembleia da República. Se fosse deputado na Assembleia da República teria votado a favor da proposta de legislação que está hoje em curso, incluindo no fundo a utilização de meios pelos quais as pessoas podem andar com a cara tapada em espaços públicos. Ou seja, a utilização de outras formas de tapar o rosto dos cidadãos”, disse.

Na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos da cimeira dos Países do Sul da União Europeia (MED9), na cidade de Portoroz, Eslovénia, Luís Montenegro argumentou que está em causa o “direito à segurança e à perceção de segurança” e lembrou que “o direito da liberdade de uma pessoa acaba quando esse direito coloca em causa os direitos de outras pessoas”.

“Não vale a pena andarmos com grandes discussões filosóficas sobre aquilo que é uma concepção de vida tranquila entre todos aqueles que compõem a nossa comunidade”, acrescentou.

Luís Montenegro afirmou que, depois de o diploma ser aprovado na generalidade, o parlamento “pode agora aprofundar e escolher a opção legislativa em concreto com as suas exceções”.

“Mas o princípio é um princípio correto no qual eu me revejo e, portanto, faço votos para que o processo legislativo se encerre”, concluiu.

PSD, IL e CDS-PP aprovaram na sexta-feira, na generalidade, o projeto de lei do Chega que visa proibir a utilização de burca em espaços públicos, invocando os direitos das mulheres e questões de segurança.

A iniciativa contou com os votos favoráveis do Chega, PSD, IL e CDS-PP, votos contra de PS, Livre, BE e PCP, e a abstenção de PAN e JPP.

Questionado sobre se concorda com o líder do Governo espanhol, Pedro Sánchez, sobre a necessidade de acabar com a mudança de hora, o primeiro-ministro respondeu que é “uma matéria para a qual tem disponibilidade para aprofundar”, mas que ainda não o fez, acrescentando que haverá “outras oportunidades para tomar a decisão correta no espaço europeu”.

Depois de um dia de reuniões de trabalho na cimeira do MED9, o primeiro-ministro falou, em conferência de imprensa, ao lado de homólogos europeus, como Pedro Sánchez ou Emmanuel Macron, respondendo a uma pergunta da imprensa portuguesa, como previamente definido pela organização.

À margem da conferência de imprensa, Luís Montenegro recusou responder a perguntas da comunicação social portuguesa presente no local.

 

Com Agência Lusa.

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