
A atriz e fadista Anita Guerreiro, de 89 anos, morreu hoje, pouco depois da meia-noite, durante o sono na Casa do Artista, em Lisboa, confirmou à agência Lusa fonte da instituição.
A notícia foi avançada pelo Correio da Manhã e confirmada hoje pela Lusa junto da Casa do Artista, onde Anita Guerreiro residia desde 1208, conforme consta na poágina oficial da Casa do Artista na rede social Facebook, e não há mais de 11 anos, como fora anteriormente referido à Lusa por fonte da instiotuição.
Anita Guerreiro, que se tornou conhecida do público através do concurso radiofónico Tribunal da Canção, deu voz a fados e marchas emblemáticos, como “Lição de Amor”, “O fumo do meu cigarro” e “Cheira bem, cheira a Lisboa”, respetivamente.
São ainda desconhecidos os pormenores das exéquias, por se aguardar a chegada da filha da fadista da atriz, Pepita Cardinali, do estrangeiro.
Bebiana Guerreiro Rocha Cardinalli nasceu em Lisboa, na freguesia dos anjos, em 13 de Novembro de 1936, começou a cantar aos sete anos entre familiares e amigos na coletividade Sport Clube do Intendente, no bairro onde nasceu.
Em dezembro de 1952 concorre ao « Tribunal da Canção », um passatempo radiofónico do programa « Comboio das Seis e Meia », na época um enorme sucesso.
O produtor do programa, Marques Vidal, surpreendido com a qualidade da sua prestação retirou-a do concurso e fê-la estrear-se no Café Luso com o nome artístico Anita Guerreiro.
Segundo publicou o jornal Voz de Portugal, em agosto de 1954, “Menina Lisboa”, com letra de Francisco Radamanto e música de Martinho D´Assunção, foi uma das primeiras criações de sucesso de Anita Guerreiro que, um ano depois, se estrearia no palco do Teatro Maria Vitória.
« Ó Zé Aperta o Laço”, pela companhia Eugénio Salvador, onde se estreia e “Festa é Festa”, são algumas das revistas onde entrou, seguindo-se dezenas de participações em teatros de revista, como atriz e fadista.
O fado « Cheira a Lisboa”, estreado em 1969 na revista “Peço a Palavra”, no Teatro Variedades, foi um dos maiores sucessos da fadista nos tempos áureos do Parque Mayer, segundo especialistas do Teatro.
Afastada por uns tempos dos palcos, e tendo residido no estrangeiro onde continuou a cantar fado atuando na Europa, Estados Unidos e Canadá, Anita Guerreiro voltaria às tábuas e 1982, na revista “Há… mas são verdes”, no Teatro Variedades.
Em paralelo com a carreira teatral, Anita Guerreiro tem também um percurso no mundo do fado, com grandes êxitos como: “Sou Tua”, “Lição de Amor”, “Calçadinha Portuguesa”, “Festa é Festa”, entre outros, escreve a Casa do Artista na sua página oficial da rede social Facebook.
A par desta sua popularidade, Anita Guerreiro foi também Madrinha das Marchas Populares de diversos Bairros de Lisboa.
“Cheira bem, Cheira a Lisboa”, imortalizado depois por Amália Rodrigues, e “Peço a Palavra” , foram interpretações que, em 1970, lhe valeram o Prémio Estevão Amarante para Melhor Artista de Revista.
Na televisão participou em algumas telenovelas e séries portuguesas, como « Primeiro Amor », (1995), « Roseira Brava » (1996), « Uma Casa em Fanicos » (1998), « A Loja do Camilo » (1999), « Nunca Digas Adeus » (2001), « Os Batanetes » (2004), e “Sentimentos”, em 2009, com uma ingressão, pelo meio, no cinema, numa interpretação no filme “Morte macaca”, de Jeanne Waltz.
Em 2004, por ocasião da comemoração dos seus 50 anos de carreira, a Câmara Municipal de Lisboa atribui-lhe a Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro.
Pertenceu, até 2019, ao elenco da casa de fados “O Faia”, no Bairro Alto.
Vivia na Casa do Artista desde 2018, onde continuou a cantar.
“Calou-se a voz, mas fica para sempre o legado desta grande Senhora da cena artística portuguesa. Descanse em paz, querida Anita Guerreiro”, escreve a Casa do Artista na sua página oficial na rede social Facebook.
Com Agência Lusa.