França a um passo de proibir os telemóveis nas escolas

Ministro da Educação fala em « medida de desintoxicação » para combater a distração na sala de aula e o bullying.

 

O governo francês quer proibir o uso de telemóveis nas escolas a nível nacional e essa medida é analisada hoje na Assembleia Nacional, onde o La Republique en Marche do presidente Emmanuel Macron tem a maioria.

O ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, fala numa « medida de desintoxicação » para combater a distração nas salas de aulas e o bullying.

Segundo os defensores da lei,o uso de telemóveis entre as crianças e jovens tem aumentando os casos de cyber-bullying, facilitou o acesso à pornografia e dificultou a capacidade dos jovens de interagir socialmente. O ministro da justiça justifica ainda a medida com o aumento dos roubos de telemóveis, extorsão e obsessão com as marcas da moda.

O objetivo do governo é que a lei seja aprovada rapidamente, a tempo de conseguir que as escolas alterem as suas diretrizes e imponham a proibição no início do próximo ano, em setembro.

Para o sindicato dos diretores de escolas, Philippe Vincent, a medida não implica uma grande mudança, já que metade das escolas já proibem o uso do telemóvel nas aulas ou na totalidade ou parte do tempo de recreio.

A nova lei deixa às escolas a decisão sobre como querem aplicar a proibição, podendo numa versão mais simples implicar que os telemóveis são colocados em bolsas específicas dentro das mochilas para permitir o acesso em caso de emergência ou para uso pedagógico, nas aulas. Mas há também a versão mais extrema, de os proibir totalmente na escola, sob pena de sanções.

 

Mais de 90% das crianças com mais de 12 anos têm telemóvel em França

 

Mais de 90% das crianças com mais de 12 anos têm telemóvel em França, segundo a proposta de lei. O debate em França tem gerado discussão noutros países, como Reino Unido ou Irlanda.

« Os telemóveis são um avanço tecnológico, mas não podem monopolizar as nossas vidas », afirmou Blanquer, à estação de televisão LCI (La Chaîne Info). « Não podes encontrar o teu caminho num mundo de tecnologia se não sabes ler, escrever, contar, respeitar os outros e trabalhar em equipa », afirmou.

Uma alteração de última hora à proposta de lei significa que até os professores e funcionários da escola podem ser alvo da proibição. « Acho que isso não é necessário », afirmou o ministro, sugerindo que essa alteração não será aprovada.

À rádio RTL, um representante do sindicato dos professores UNSA, Stephane Crochet, disse considerar a inclusão dos adultos na proposta de lei um insulto e um risco de segurança.

 

Alfa/DN

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