Último ano bateu novo recorde de arborizações e rearborizações com eucaliptos, espécie que domina completamente, a larguíssima distância, as árvores plantadas em Portugal.
Desde a entrada em vigor da chamada lei do eucalipto, que em 2013, durante o anterior governo, simplificou as plantações desta espécie, 2017 foi o ano com mais arborizações e rearborizações de eucaliptos.
Os números são do último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre ações de arborização e rearborização, a que a TSF teve acesso, e mostram que no ano passado foram plantados 18.497 hectares de eucaliptos, mais mil que em 2016 e bem mais que em 2014 e 2015.
Em 2017, 86% dos hectares de arborizações e rearborizações feitas no país envolveram esta espécie muito contestada por alguns especialistas pelos alegados riscos extra de incêndio. Com apenas 3,9% (825 hectares) seguem-se os pinheiros mansos e com 1,9% (402 hectares) os sobreiros.
O eucalipto, árvore originária da Austrália, é a campeã da floresta portuguesa. O relatório afirma que, ao todo, entre 2014 e 2017, 69% das arborizações e rearborizações foram feitas com eucaliptos, num total de 61 mil hectares.
O presidente da Associação de Promoção ao Investimento Florestal (Acréscimo), que já consultou os números do ICNF, admite que no que se refere apenas às novas plantações (descontando as replantações) os números de eucaliptos em 2017 até desceram um pouco no ano passado, numa descida que se acentuou no segundo semestre.
No entanto, mesmo assim, o eucalipto foi a espécie claramente líder em 2017 (cerca de 65% das novas plantações) e os valores acumulados nos últimos anos preocupam bastante Paulo Pimenta de Castro, que acrescenta que os apoios do Estado favorecem a plantação de eucaliptos em detrimento das árvores autóctones.
Do lado da associação ambientalista Quercus, João Branco também fala em números preocupantes e sublinha que o eucalipto, naturalmente, já se desenvolve mais que outras árvores, sem ajuda.
Recorde-se que em agosto do ano passado o Parlamento aprovou uma lei, depois dos fogos de Pedrógão Grande, proibindo as novas plantações de eucaliptos em áreas onde estes não existiam, a partir de janeiro de 2018.
A Associação de Promoção ao Investimento Florestal fala numa boa notícia que poderá mitigar aquilo que considera os erros do passado, mas sublinha que é preciso fiscalização que com frequência é muito deficiente.
Alfa/TSF