O fumo intenso causado pelos incêndios que arrasaram grande parte de Mati, terá sido a principal causa das mortes, incluindo de um grupo de 26 pessoas que foi encontrado perto do mar, afirmou um comandante dos bombeiros. Número de vítimas mortais subiu para 79.
« Penso que o principal problema foi o fumo. Ao fim de três inspirações, as pessoas ficam em dificuldade », disse o major Inanis Artopius, do 9.º regimento de bombeiros de Atenas, à agência Lusa.
O grupo estaria reunido anum evento de celebração num restaurante próximo, porém, quando tentou sair da povoação pelas 19:00 horas, as estradas ficaram bloqueadas com carros, e decidiram fugir a pé.
O proprietário de uma casa junto ao mar abriu os grandes portões para o jardim e tentou encaminhá-los por um carreiro para uma pequena baía a cerca de 20 metros de distância, mas só alguns terão escapado, enquanto 26 ficaram para trás, desorientados pelo fumo denso.
« Vi as pessoas em grupos, abraçadas, corpos de crianças », adiantou o responsável,
Para trás ficou um cenário de destruição, incluido de vários cadáveres de animais domésticos.
Artopius está hoje a visitar diferentes casas para tentar encontrar eventuais desaparecidos.
« Quando à porta estão carros queimados, é sinal de que poderão estar pessoas [mortas] lá dentro », disse à Lusa.
Muito perto, Vassilis abre a porta de um automóvel parcialmente queimado para recuperar os pertences de um amigo que estava a passar férias em Mati quando foi surpreendido pelo incêndio de segunda-feira.
« Ele saltou para o mar com dois filhos, de nove e 10 anos, a mãe saltou com o filho de 14. Só os pais é que ficaram intoxicados », revelou.
Algumas pessoas que procuraram mergulhar dos rochedos com cerca de 10 metros de altura não conseguiram chegar à água, outros tiveram de esperar horas por barcos que vieram em socorro.
Localizado perto de Rafina, uma vila com cerca de 13.000 habitantes, Mati é um bairro com perto de 2.300 casas envolvidas por pinheiros, a maioria segunda habitação de habitantes da capital Atenas usada para a época balnear.
Muitas habitações e árvores foram completamente destruídas pelo incêndio, carros foram esventrados pelas chamas cujas jantes de liga leve cujo calor intenso derreteram para o chão e postes de eletricidade calcinados e derrubados no chão.
Contudo, no bairro também existem habitações que não sofreram danos significativos, como a vivenda de dois andares junto ao mar de Valaselli Aspa, cujo interior foi protegido pela porta de metal que instalou há cinco meses atrás.
« O meu vizinho veio avisar-me pelas 18:30 horas e saí em pânico. Hoje tenho noção da tragédia que aconteceu: o meu carro ardeu e tenho amigos estão desaparecidos », contou à Lusa.
Residente em Mati a tempo inteiro, disse que esta época é quando a povoação ficava cheia de pessoas que vinham passar o verão.
« Este sítio era um paraíso, mas a partir de agora nunca mais ser o mesmo », lamentou.
As autoridades iniciaram as operações de limpeza com máquinas que recolhem entulho do chão, ao mesmo tempo que continuam os esforços para encontrar cerca de 100 pessoas dadas como desaparecidas.
Entretanto, o número de mortos dos incêndios na Grécia aumentou para 79, informou hoje o porta-voz do corpo de bombeiros grego, Stavrula Marli.
Os fogos causaram também mais de 180 feridos, alguns em estado crítico.
O Governo de Alexis Tsipras pediu ajuda internacional na noite de segunda-feira, tendo já alguns países respondido com meios de apoio, como foi o caso de Portugal, que anunciou o envio de 50 elementos da Força Especial de Bombeiros (FEB).
O executivo grego já desbloqueou uma verba de 20 milhões de euros, procedente do Programa de Investimento Público, destinada à ajuda imediata e a cobrir as necessidades das zonas mais afetadas.
Alfa/Lusa