Ricardo Robles anunciou hoje a sua renúncia como vereador do BE da Câmara de Lisboa, afirmando ser « uma decisão pessoal » com o « objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade ».
« Informei ontem, domingo, a coordenadora da Comissão Política do Bloco de Esquerda da minha intenção de renunciar aos cargos de vereador na Câmara Municipal de Lisboa e de membro da comissão coordenadora concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda », refere uma nota a que agência Lusa teve acesso.
Esta é, de acordo com Ricardo Robles, « uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares » e « no respeito pelas regras legais », para ultrapassar aquilo que se tornou « um problema político real » e que criou um enorme constrangimento à « intervenção como vereador ».
« Esta é uma decisão pessoal que tomo com o objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade », conclui a mesma nota.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial do partido remeteu mais esclarecimentos para depois da reunião da comissão política do BE, que vai decorrer hoje à noite.
A demissão surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros.
Na sequência desta notícia, a concelhia de Lisboa do PSD pediu a demissão do vereador bloquista, acusando-o de « falta de ética, seriedade e credibilidade política ».
Numa nota enviada à agência Lusa na noite de sexta-feira, o BE defendeu que a conduta do vereador na Câmara de Lisboa Ricardo Robles « em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e que continuará a propor ».
No sábado de manhã, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, disse que Ricardo Robles « nada fez de errado », classificando as notícias de alegada especulação imobiliária de « mentiras ».
Em conferência de imprensa realizada ao final da tarde de sexta-feira, Ricardo Robles reiterou que a avaliação do prédio « foi feita por uma agência imobiliária, que o teve à venda por seis meses até abril » e que « desde então, o imóvel não está a venda ».
Por isso, sublinhou nessa conferência de imprensa, « esta compra não foi uma operação especulativa », assegurando que iria « colocar o imóvel em propriedade horizontal, de forma a poder dividir as frações ».
« Não venderei a minha parte do imóvel e colocarei as minhas frações no mercado de arrendamento. Não comprei este prédio para o vender com mais-valias e, pela minha parte, não o farei », afirmou então.
Alfa/Lusa