“Porque os pais emigraram, há aqui na aldeia muitos doutores”

“Porque os pais emigraram, há aqui na aldeia muitos doutores”. “Aqui tratam-nos por emigrante. Lá também”

 

A miséria empurrou Luís Esteves e António Martins para França. Era só dar o salto e persistir na dedicação a um trabalho árduo. De uma outra geração, António Pedro teria escolhido ficar em Vilar Formoso, a vila dos tempos áureos da sua infância. Foi em busca de um emprego bem pago e de uma vida melhor. Segunda de uma série de quatro reportagens sobre emigração.

Grande reportagem. Jornal Público, por Ana Dias Cordeiro (texto) e Miguel Manso (fotos)

Quando Manuel Luís Esteves reuniu as necessárias poupanças, a casa que construiu na Aldeia do Bispo era uma das maiores e mais bonitas. Como a sua, há agora muitas, que não destoam da paisagem de granito das outras habitações, ainda de portadas fechadas no mês de Julho. É sobretudo em Agosto que vem passar as férias quem ainda não regressou de vez.

Manuel Luís Esteves, de 79 anos, tem além da casa que construiu quando já vivia em França, um pomar e um pequeno terreno onde cultiva hortaliças. Gosta de dedicar tempo à terra e à sua terra, embora 40 anos passados a trabalhar no estrangeiro lhe dêem outras perspectivas do lugar a que pertence.

Conta a história de um amigo de uma aldeia vizinha, tomado de um grave problema de saúde súbito, levado para a Covilhã, a uma hora e meia de carro pela estrada nacional, por não poder ser tratado na cidade mais próxima, Sabugal. “As pessoas que vivem nas aldeias em França estão melhor do que nós aqui. » Por isso, vai aguardando. « Regressar mesmo, só para a morte.”

…. (continue a ler em publico.pt)

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