Crise na Venezuela intensifica procura por cidadania portuguesa. Entre janeiro de 2017 e março de 2018, o Governo concedeu a nacionalidade portuguesa a 5800 lusodescendentes; destes 5800, cerca de 5500 eram descendentes de portugueses na Venezuela
Nos últimos dois anos, período em que a Venezuela liderada por Nicolás Maduro agravou o seu estado de crise económica, quase 10 mil lusodescendentes decidiram “reclamar” a nacionalidade dos seus pais, revela o “Público” esta terça-feira.
Entre janeiro de 2017 e março de 2018, o Governo concedeu a nacionalidade portuguesa a 5800 lusodescendentes; destes, cerca de 5500 eram descendentes de portugueses na Venezuela. Já em 2016, foram 4125 os descendentes venezuelanos a adquirirem a nacionalidade portuguesa. Todos estes dados foram fornecidos ao matutino pelo gabinete do secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
Apesar de os números serem significativos, o secretário de Estado descarta a ideia de existir uma vaga de imigração venezuelana ou uma vaga de emigração de lusodescendentes. Os números “são relativos”, diz, uma vez que os cidadãos vêm a Portugal em “determinados períodos, nomeadamente à Madeira, e depois regressam”, porque têm a sua vida profissional e familiar naquele país, sublinha Luís Carneiro.
Em 2017, o Governo de António Costa criou um pacote para retirar obstáculos e acelerar a atribuição de nacionalidade portuguesa a lusodescendentes na Venezuela. Por exemplo: não aumentou os emolumentos consulares “para facilitar a obtenção de documentação”.
Já este ano, em julho, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Justiça decidiram enviar para a Venezuela dois funcionários do Instituto de Registos e Notariado, que estarão durante dois meses nos postos consulares.