Lisboa apoia Guaidó. A segurança dos portugueses na Venezuela segundo o MNE

Santos Silva: “Quanto mais seguro está Guaidó, mais seguros estão os portugueses”

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Ministro dos Negócios Estrangeiros explica que Portugal deixou de comunicar politicamente com Maduro. “Mas ao nível consular e diplomático temos de nos ajustar”

Alfa/Expresso

O Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português esteve esta noite nos estúdios da SIC Notícias a comentar a situação na Venezuela. Augusto Santos Silva recusou que o Governo esteja a reboque de outras nações e disse que Nicolas Maduro, com quem Portugal deixou de contactar politicamente, perdeu a legitimidade eleitoral. O MNE espera que sejam agendadas eleições nos próximos 30 dias.

“A organização de eleições implica um domínio do aparelho do Estado”, começou por dizer Santos Silva, explicando que o contacto do Executivo português com aquele país se desenvolve em duas frentes: politicamente, a relação é tratada com Juan Guaidó, o autoproclamado presidente interino da Venezuela; diplomaticamente, até porque está detido um luso-venezuelano, os contactos são feitos com o regime de Maduro.

Os europeus desejam eleições livres na Venezuela. O MNE diz que Portugal « não está interessado em nenhum resultado ». E explica: « Estamos num processo político. É preciso que as candidaturas sejam apresentadas, que os tribunais as validem, que as mesas de voto sejam organizadas. (…) O presidente Maduro, no seu primeiro mandato, foi reconhecido universalmente como presidente da Venezuela porque as eleições em 2013 foram consideradas democráticas. »

Agora, e depois de ser observado o esvaziar dos « poderes da assembleia », « foi criada uma instituição fantoche, a assembleia constituinte, que ninguém reconheceu ». Depois, a mais recente eleição de Maduro « decorreu com proibição de candidaturas, viciação de resultados e sem condições mínimas ». São estas as razões que movem os europeus e aliados, garante.

« QUEM ACOMPANHOU AS MANIFESTAÇÕES COMPREENDE BEM DE QUE LADO ESTÁ O POVO VENEZUELANO »

Questionado sobre se cessou a ligação entre o Governo português e o presidente Maduro, Santos Silva foi taxativo: “Ao nível político, sim. Ao nível consular e diplomático, temos de nos ajustar”.

Quanto à segurança dos portugueses no território e sobre se estarão à mercê de represálias, o MNE revelou que pensa no cenário “ao contrário”, desconfiando dos relatos que dão conta do armamento de 50 mil populares por parte do regime.

“Quem acompanhou as manifestações compreende bem de que lado está o povo venezuelano. Quem acompanhou as sondagens, sabe bem de que lado está o povo venezuelano. [Os relatos do armamento dos 50 mil populares] não merecem grande crédito e duvido muito que sejam populares…”, explica.

E remata: “A posição europeia de defender a transição pacífica é justamente a posição que se faz contra a hipótese de confrontação interna ou intervenção externa. Quanto mais apoio tem Guaidó, mais seguro ele está [quanto às ameaças de que tem sido alvo]. Quanto mais seguro ele está, mais seguros estão os portugueses”.

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