Encurralados nos telhados, empoleirados nas árvores: depois do dilúvio, sobreviventes do ciclone Idai aguardam por ajuda dos céus.
O pesadelo continua em Moçambique. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o país continuou a ser atingido na quinta-feira, 19, por “chuvas persistentes”, “ventos com rajadas fortes” e “trovoadas severas”. Entre as áreas de maior risco estão as províncias de Sofala e Manica, no centro, que já tinham sido fustigadas pelo ciclone Idai na noite de quinta para sexta da semana passada.
Esta terça-feira, para melhor perceber a dimensão da tragédia, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reuniu o Conselho de Ministros na cidade da Beira, a mais devastada pelas chuvas torrenciais e por ventos na ordem dos 170 quilómetros por hora. “Julgo que é o maior desastre natural que Moçambique alguma vez enfrentou”, disse o ministro moçambicano do Ambiente, Celso Correia. “Está tudo destruído. A nossa prioridade agora é salvar vidas.”
A ONU diz que é “possivelmente o pior desastre natural de sempre a atingir o hemisfério sul”.
Rick Emenaker, um piloto em missão humanitária que sobrevoou a província de Sofala — de que Beira é a principal cidade —, descreve um imenso lago onde outrora havia comunidades, estradas e pontes. “Foi desolador voar sobre muitos quilómetros de terra inundada na bacia do rio Búzi. Vimos muitas pessoas presas em telhados cercados por quilómetros de água. Foi difícil compreender e pensar que provavelmente muitos morreram”, testemunhou. “Várias aldeias foram completamente enterradas nas águas do dilúvio. É difícil compreender a magnitude deste desastre.”
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