O Mundial de Futebol feminino, a decorrer desde 7 de junho, está a ser marcado pela discussão acerca dos diferentes salários e prémios que as jogadoras recebem, em comparação com os homólogos masculinos. A FIFA promete investir mais no futebol feminino, no futuro.
O futebol feminino tem ganho popularidade. Em abril, a FIFA vendeu um número recorde de bilhetes para o Campeonato do Mundo: mais de um milhão. Os jogos de abertura (França-Coreia do Sul), as meias-finais e a final esgotaram em menos de 48 horas.
Apesar da crescente popularidade do torneio, as futebolistas questionam adiscrepância entre os seus salários e o montante final de cada prémio, quando comparados com o equivalente recebido pelos colegas masculinos.Disparidade não se deve a diferenças de lucros.
Um relatório da FifPro, a união mundial de jogadores, revelou que 88 por cento das jogadoras na Super Liga Feminina de Inglaterra recebem menos de 20 mil euros por ano e que 58 por cento já consideraram desistir do desporto por motivos financeiros.
Outro relatório da Sporting Intelligence concluiu também que o salário do futebolista Neymar é equivalente aos salários combinados das sete futebolistas mais bem pagas e é equivalente aos salários combinados de 1693 futebolistas em França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Suécia, Austrália e México.
Quanto ao montante recebido de prémios, este depende das federações nacionais, que escolhem quanto pagar aos jogadores. »Ao final do dia, o valor do prémio acaba por ser tão pequeno para as mulheres quando comparado com o dos homens, que vemos jogadoras a dependerem mais de patrocínios, salários dos clubes e da federação », diz Caitlin Murray, autora de « A Equipa Nacional: A História das Mulheres que Mudaram o Futebol ».
As vencedoras do Mundial receberão 3,5 milhões de euros, mas, no Mundial masculino de 2018, os vencedores receberam o prémio no valor de 35.5 milhões de euros, dez vezes mais do que as futebolistas. E, na totalidade, 26 milhões de euros serão distribuídos por todas as equipas participantes, mas 353 milhões receberam as equipas masculinas em 2018.
Em custos de preparação e compensação para os clubes, as equipas femininas receberam 700 mil euros, enquanto as equipas masculinas receberam 1,3 milhões.
É frequentemente dito que a desigualdade salarial no desporto está associada aos lucros comerciais gerados pelas mulheres e pelos homens, mas tal não corresponde à realidade. De facto, a FIFA afirma que as receitas comerciais vindas do Mundial de Futebol Feminino não podem ser separadas das outras competições da FIFA porque os direitos comerciais são vendidos como um pacote.
Nos Estados Unidos, a equipa de futebol feminina intentou uma ação judicial contra a associação nacional de futebol por disparidades salariais.
As jogadoras australianas pediram à FIFA que recompensasse mulheres e homens de forma igualitária.
Em 2016, após a vitória no Campeonato Africano de Futebol Feminino, a equipa nigeriana fez um protesto num hotel contra pagamentos pendentes que lhes eram devidos.