Montenegro vai estudar na região parisense… para tentar suceder a Rio e Costa. Mas curso terá apenas duração de quatro semanas, ao contrário do de José Sócrates, que durou dois anos.
Alfa – com Expresso
Candidato à presidência do PSD vai para França fazer programa de formação avançada para executivos.
Luís Montenegro vai participar na edição de julho do “Advanced Management Programme”, o programa de gestão avançada para executivos do Instituto Europeu para Administração de Empresas — INSEAD, sediado em Fontainebleau, França. O antigo líder parlamentar do PSD manteve a decisão em segredo, e apanhou de surpresa até colaboradores próximos. Trata-se de uma formação avançada de quatro semanas para executivos seniores, focada no desenvolvimento de instrumentos de liderança.
A escolha deste curso, a poucos meses das eleições legislativas e de uma disputa de poder no PSD, sinaliza, uma vez mais, o empenho de Montenegro em suceder a Rui Rio na presidência dos sociais-democratas e apresentar-se como candidato a primeiro-ministro no final da próxima legislatura.
Questionado pelo Expresso, o ex-líder parlamentar do PSD confirma a informação, mas é parco em considerações. “Vou com o objetivo firme de me qualificar mais para o futuro, em todas as suas dimensões”, é o único comentário que profere. Para o caso, o ênfase na expressão “em todas as suas dimensões” equivale a uma reafirmação da sua candidatura.
“Vou com o objetivo firme de me qualificar mais para o futuro, em todas as suas dimensões”, diz Montenegro
Luís Montenegro, sabe o Expresso, tem essa decisão tomada. Mas, desde janeiro, quando desafiou Rio para uma disputa de liderança que não chegou a acontecer — tendo “morrido” num Conselho Nacional — , optou por um registo de completo low profile. Afastou-se dos espaços de comentário que tinha nos media e nada tem dito em público sobre a situação do PSD ou o desempenho de Rio: nem reagiu ao resultado historicamente baixo do PSD nas europeias. O ex-líder parlamentar tem repetido no seu círculo mais chegado que não fará intervenções políticas até às legislativas — até por entender que, depois dos avisos públicos que fez em janeiro, o tempo lhe tem dado razão. Até em excesso: se no início do ano alertou para o risco do PSD ficar reduzido a um partido de 24% ou 25%, as europeias superaram esse vaticínio, com apenas 21,9%.
O Expresso sabe que Montenegro tem mantido contactos discretos com figuras do partido e estruturas locais, e, segundo um dos seus colaboradores, “está preocupado com o futuro” do PSD. A mesma fonte assegura que o ex-líder parlamentar “já tem tudo pensado” para os próximos meses e “é mais frio e racional do que parece” — sendo certo que, qualquer que seja o resultado do PSD em outubro, se irá candidatar às diretas no início do ano, quando acaba o atual mandato de Rui Rio. Um social-democrata próximo de Montenegro assegura que esta decisão “é a demonstração de que ele se afastou propositadamente do espaço público para se preparar para líder do PSD e primeiro-ministro”. Montenegro tem atuado de forma “solitária”, de que é prova o facto de ter mantido em segredo o plano de ir estudar. No seu círculo admite-se que essa reserva não é apreciada por todos. Há quem aponte o caso de Miguel Relvas, que foi dos primeiros a lançar Montenegro como putativo candidato mas, “talvez cansado do estilo mais reservado” do ex-deputado, aproximou-se entretanto de outro candidato preanunciado, o número dois da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz. F.S.C.