A Fundação AEP (Associação Empresarial de Portugal) e a Agência Lusa assinaram hoje um protocolo para promover a Rede Global da Diáspora, com o objetivo de fomentar a internacionalização das empresas portuguesas e o investimento dos emigrantes em Portugal.
« O objetivo é que cada português espalhado pelo mundo, e temos 86 países como objetivo, façam parte da rede e possa ajudar e ser facilitador das relações comerciais nestes países e fortalecer o sentimento de pertença, sendo os nossos embaixadores entre aspas nas relações comerciais », disse o vice-presidente da AEP e presidente da Fundação AEP, Luís Miguel Ribeiro.
Em declarações à Lusa no final da assinatura do protocolo, que ocorreu hoje na sede da agência de notícias, em Lisboa, Luís Miguel Ribeiro explicou que a criação da Rede Global da Diáspora tem como ponto de partida a constatação de que mais de um terço dos emigrantes portugueses não tenciona voltar a Portugal.
« Do estudo que fizemos resultou que 34,5% dos inquiridos não tem intenção de regressar, mas é um ativo importantíssimo para o país, daí a ideia de criar uma rede para poderem potenciar as relações, não só entre eles, mas também serem pontos de contacto das nossas Pequenas e Médias Empresas (PME) », disse o responsável, reconhecendo que « muitas vezes não é fácil entrar nos mercados para onde querem exportar e ter alguém que possa informar sobre determinadas questões » é uma ajuda importante.
« Vamos fazer um ‘roadshow’ em oito países ainda a definir entre estas entidades e fazer a disseminação deste projeto, mas para já o feedback é muito entusiasmante », diz Luís Miguel Ribeiro, garantindo que « o projeto não termina com o fim do financiamento e é para continuar ao longo dos próximos anos ».
As visitas aos países vão começar em janeiro do próximo ano « quando a plataforma, que está a identificar pessoas nos vários países, estiver estabilizada e a funcionar », disse o empresário.
Questionado sobre se a criação deste projeto não duplica o trabalho da rede da AICEP no estrangeiro, Luís Miguel Ribeiro rejeitou a ideia e explicou que « a plataforma vem consolidar as diferentes atividades e ações que têm sido desenvolvidas por diferentes entidades para potenciar o ativo que é ter portugueses espalhados por 178 países, que já não são os portugueses que fazem os trabalhos mais básicos nesses países, mas sim portugueses que são de referência em muitos países, bem posicionados, bem formados, e com uma fantástica capacidade de integração nas comunidades ».
A Rede, considerou, servirá não só para ajudar as PME a internacionalizarem a sua atividade, mas também vai permitir um contacto em Portugal que possa providenciar oportunidades de investimento para os emigrantes, além de promover o contacto entre os portugueses nos vários países do mundo, apresentando oportunidades de negócio também nesses países.
« O facto de irem para outro país não é necessariamente mau nem para eles, nem para o país, pode ser bom para ambos, porque os portugueses ganham novas experiências e contactos com novos mercados e, para o país, é bom porque quando regressarem têm uma visão do mundo diferente que pode dar um potencial muito maior às empresas para onde vierem trabalhar », concluiu José Miguel Ribeiro.
Pelo lado da Lusa, o presidente do Conselho de Administração, Nicolau Santos, mostrou « todo o interesse e orgulho em associar-se a este projeto » e destacou que a Lusa é « a única multinacional de informação em língua portuguesa a nível mundial ».
Existe, considerou, « um crescente sentimento de orgulho em ser português », defendendo que os emigrantes são « uma rede que pode ser muito importante para essas empresas e para a afirmação dos produtos » portugueses nesses países, até porque em muitos casos ocupam « posições importantes na sociedade onde vivem e são prestigiadas nessas sociedades », concluiu o presidente do Conselho de Administração da Lusa.