Secretário-geral da ONU, António Guterres, defende rotas seguras e legais para migrantes e refugiados.
Alfa/Lusa
Guterres lançou esta ideia depois de mais um grave naufrágio, na quinta-feira, ao largo da Líbia, que causou pelo menos 62 mortos e 110 desaparecidos.
Numa mensagem na rede social Twitter, divulgada na sexta-feira, António Guterres escreveu: « Precisamos de rotas seguras e legais para os migrantes e os refugiados ».
« Todos os migrantes que procuram uma vida melhor merecem segurança e dignidade », acrescentou o responsável, que disse « sentir-se chocado » com esta tragédia.
Na sexta-feira, as equipas de resgate líbias anunciaram ter recuperado os corpos de 62 imigrantes vítimas de um naufrágio ocorrido na quinta-feira ao largo de Khoms, cidade localizada a 120 quilómetros a oeste da capital líbia, Tripoli.
“As unidades do Crescente Vermelho líbio [organização federada com a Cruz Vermelha Internacional] conseguiram recuperar 62 corpos de migrantes”, afirmou um responsável da organização, identificado como Abdel Moneim Abou Sbeih.
Cerca de 145 pessoas foram resgatadas após um naufrágio, que envolveu mais do que uma embarcação, ocorrido na quinta-feira no Mediterrâneo central, rota que sai da Argélia, Tunísia ou Líbia em direção à Itália e a Malta.
Pelo menos 110 pessoas estão dadas como desaparecidas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Na quinta-feira, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, classificou este naufrágio como “a pior tragédia” registada, até à data, este ano no Mediterrâneo.
Os serviços migratórios líbios indicaram que pelo menos 350 pessoas, incluindo mulheres e crianças, estavam a bordo das embarcações envolvidas no naufrágio de quinta-feira.
Os migrantes são oriundos, entre outros países, da Eritreia, Egito, Sudão e Líbia.
Antes deste naufrágio, a OIM tinha indicado, na semana passada, que pelo menos 426 pessoas tinham morrido desde o início do ano durante a travessia da rota central do Mediterrâneo.
Estes valores eram relativos ao período entre janeiro e o passado dia 17 de julho.
Apesar da insegurança registada na Líbia, o país tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes que tentam fugir de conflitos e da instabilidade verificados em outras regiões de África e do Médio Oriente e tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.
Território imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas de influência entre milícias e tribos, a Líbia tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.