Covid-19: Espanhóis olham portugueses com “uma mistura de inveja e perplexidade”, diz o El País. “Qual será o segredo?”
Apesar de os dados das vítimas por coronavírus em Espanha, divulgados neste domingo, serem mais animadores – nas últimas 24 horas o número de mortes baixou para os 143 (ao contrário dos 179 de ontem), sendo o valor mais baixo desde 18 de março –, a imprensa espanhola continua a fazer comparações entre os dois países ibéricos. Diz mesmo que Portugal é visto por Espanha, “um país totalmente confinado”, com “uma mistura de inveja e perplexidade”, tendo em conta que o nosso País não impôs uma quarentena obrigatória à população em geral, mas apenas um dever cívico, nem parou totalmente a sua economia.
As explicações, segundo especialistas portugueses e espanhóis contactados pelo El País, serão várias: um menor tráfego de viajantes, especialmente vindos de Itália, mas, sobretudo, uma atuação atempada, tendo em conta o panorama que já ocorria tanto em Espanha como em Itália e que levou, por exemplo, ao encerramento das escolas a 12 de março.
O médico de saúde pública espanhol Alberto Infante Campos vai mais longe e argumenta que, além da antecipação das medidas de controlo da epidemia em Portugal, “Governo e a oposição uniram-se, lançando a mesma mensagem desde o início”, ao contrário das divergências políticas ocorridas em Espanha, e que levaram mesmo Pedro Sanchés a pedir à oposição para seguir o exemplo de Portugal.
Admite ainda o artigo do El País que, provavelmente, as medidas de confinamento em algumas regiões espanholas, como Madrid e Catalunha, foram decididas tardiamente.
O combate à pandemia “não é uma competição entre países”, escreve o jornal, que volta a chamar aos portugueses os “suecos do Sul”, na sequência de uma entrevista dada por Marcelo Rebelo de Sousa ao El País, em 2017, na qual identificava Portugal como “os nórdicos do século XXI”, referindo-se, na época, à nomeação de portugueses em organismos internacionais, como a de Mário Centeno na liderança do Eurogrupo. Não se trata de uma competição entre países “para ver quem faz melhor” mas, continua o El País, “a comparação de resultados pode servir para aprender”.