Centeno sai, João Leão é o novo ministro das Finanças. Dá garantias “de continuidade”, defende Costa
Centeno aprovou o seu último orçamento, um retificativo, mas já não o vai defender na Assembleia. O ministro das Finanças abandona as funções. A escolha do sucessor e o timing foram concertados com Costa, a dúvida é se se segue a nomeação para governador do Banco de Portugal. Tomada de posse de João Leão será no dia 15. Mourinho Félix também sai e volta para o Banco de Portugal.
Mário Centeno vai deixar de ser ministro das Finanças no dia 15 de Junho, dia em que será substituído por João Leão no cargo, até agora secretário de Estado do Orçamento. A escolha de António Costa recai sobre o secretário de Estado, preferência de Mário Centeno para o cargo. Todo o calendário foi acertado ao detalhe entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças. De saída também está Mourinho Félix, secretário de Estado adjunto e das Finanças, confirmou o Expresso. Mourinho irá para seu lugar de origem, o Banco de Portugal.
A exoneração foi confirmada hoje numa nota no site da Presidência da República, enquanto os ministros aprovavam em Conselho de Ministros o Orçamento Suplementar, que foi apresentado por Mário Centeno, mas já não será ele a defendê-lo na Assembleia da República. O debate de apresentação do Orçamento Suplementar está marcado para o dia 19 de Junho, Centeno sai antes disso.
« O Presidente da República recebeu do Primeiro-Ministro as propostas de exoneração, a seu pedido, do Ministro de Estado e das Finanças, Professor Doutor Mário Centeno, e de nomeação, em sua substituição, do Professor Doutor João Leão. O Presidente da República aceitou as propostas, realizando-se a cerimónia da posse no dia 15 de junho, às 10 horas », lê-se no site da Presidência.
João Leão foi a escolha de António Costa para suceder a Mário Centeno, escolha aprovada por Marcelo Rebelo de Sousa. O até aqui secretário de Estado do Orçamento era o nome preferido para o cargo pelo próprio ministro. O nome do economista andava a circular há semanas, tal como o Expresso lhe deu conta, até por ter um perfil semelhante ao do atual ministro no que toca à gestão das contas.
Leão chegou a ser apelidado de “artífice das cativações” por Mário Centeno por ser ele a gerir com mão de ferro os investimentos. “Tem uma gaveta muito funda”, desabafou um governante em conversa com o Expresso. Certo é que mesmo no Governo, o sucesso das contas de Centeno não é desligado do seu secretário de Estado que agora o substitui.
CONTINUIDADE, DIZ COSTA
A escolha de João Leão dá garantias de continuidade da política que tem vindo a ser seguida. « Tem sido, enquanto Secretário de Estado do Orçamento desde novembro de 2015, responsável pela política orçamental do anterior e do atual Governo. Constitui, portanto, um garante natural de continuidade dos bons resultados alcançados pela governação socialista em matéria de finanças públicas », diz o primeiro-ministro numa nota enviada às redacções dando conta da escolha do secretário de Estado do Orçamento para as Finanças.
Leão é o primeiro secretário de Estado a ser promovido no mesmo ministério, quebrando assim António Costa uma tradição que manteve desde o início do Governo. O único que tinha sido promovido na mesma pasta, Nelson de Souza, no Planeamento, viu o seu ministério ser partido. Na Nota, o gabinete do primeiro-ministro recorda ainda que João Leão « é um membro destacado da equipa económica de António Costa desde que, em 2015, integrou o grupo de economistas que preparou o cenário macroeconómico (“Uma década para Portugal”) que acompanhou o programa eleitoral do PS ».
Numa altura em que Costa tem vindo a defender mais economia, faz saber na nota que, apesar de Leão ter o controlo das contas públicas tem « um sólido conhecimento da economia portuguesa, tendo liderado o Gabinete de Estudos do Ministério da Economia durante cinco anos, durante a vigência de distintos governos ».
João Leão é doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of technology (MIT).
A decisão foi ainda anunciada antes de Mário Centeno comunicar aos seus pares europeus que não seria recandidato ao cargo de presidente do Eurogrupo. O ministro das Finanças vai lançar na quinta-feira a corrida à presidência do Eurogrupo, mas antes disso fez saber que sairá do Governo.