Resultados das autárquicas em França fragilizam Macron e Le Pen. E lançam outros nomes para as próximas presidenciais

Resultados das autárquicas em França fragilizam Macron e Le Pen. E lançam outros nomes para as próximas presidenciais

O partido liberal do chefe de Estado e a formação nacionalista da sua rival de há três anos não têm motivos para sorrir. Faltam cerca de dois anos para as presidenciais, mas as eleições municipais dão esperanças a outros candidatos

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro (Lei a versão original deste texto em expresso.pt)

GETTY IMAGES

No passado domingo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, viveu uma noite de pesadelo: o autêntico fiasco eleitoral do seu partido A República em Marcha (LREM) nas eleições municipais forçou-o a constatar que não tem tropas com real implantação no chamado “país real”. E isso vai fazer-lhe falta para apoiar a provável recandidatura ao Eliseu, em 2022.

Os candidatos do LREM não conseguiram conquistar nem uma cidade com relevo nas autárquicas, que começaram a 15 de março e só terminaram há dias devido à pandemia. A covid-19 fez adiar a segunda volta, de início prevista para 22 de março.

Acontece, porém, que a adversária de Macron nas presidenciais de 2022 também não teve uma noite gloriosa, longe disso. O Ajuntamento Nacional (RN) de Marine le Pen (antiga Frente Nacional) apenas chegou ao poder numa grande cidade do sul: Perpignan, 120 mil habitantes. Venceu aí apenas graças a Louis Aliot, que foi o namorado da líder até há um ano e concorreu quase como independente naquela localidade, sem sequer reivindicar a militância no RN, de cuja direção aliás faz parte.

A nível nacional o RN perdeu posições em dezenas de municípios, contabilizando agora menos deputados municipais do que tinha depois das anteriores eleições, em 2014. São 840 eleitos, contra os 1438 de há seis anos.

“REMODELAÇÃO” NO GOVERNO E NO RN

O fracasso do partido de Macron deverá conduzi-lo a uma próxima remodelação governamental, para tentar relançar o mandato e a recandidatura ao Eliseu.

Mas Marine le Pen também terá de pensar em reorganizar profundamente o RN, que enfrenta problemas financeiros graves. As sondagens, de resto, continuam a atribuir à chefe da extrema-direta o segundo lugar num eventual frente a frente com Macron na segunda volta das próximas presidenciais.

OUTROS NOMES “PRESIDENCIÁVEIS”

A fragilidade dos dois políticos que se defrontaram na última campanha para o Eliseu relançou outros nomes como prováveis futuros concorrentes à chefia do Estado francês.

Na extrema-direita, a jovem Marion Maréchal (le Pen), sobrinha de Marine e dissidente do RN, poderá pensar apresentar-se à corrida contando provavelmente com apoiantes como Louis Aliot ou Robert Menard. Este foi eleito logo à primeira volta, no dia 15 de março, presidente da Câmara da cidade de Béziers, com quase 69% dos votos.

No campo ecologista, que foi o grande vencedor das autárquicas, conquistando a maioria dos votos em grandes metrópoles como Bordéus, Estrasburgo, Marselha ou Lyon, o dirigente Yannick Jadot surge como putativo candidato.

Já no Partido Socialista, que em tempos disputava o poder com Os Republicanos (centro-direita) e perdeu apoios em massa na última década, a esperança pode residir em Anne Hidalgo, de novo vencedora em Paris. A autarca, no cargo desde 2014, recusa por agora esse cenário, mas poderá ser “empurrada” pelo seu campo para se lançar numa eventual “aventura” presidencial.

Hidalgo tem um ponto importante a seu favor – uma boa relação com os Verdes, com quem fez uma aliança para ganhar as autárquicas na capital. Outra potencial competidora à esquerda poderá ser Ségolène Royal, antiga candidata ao Eliseu (perdeu para Nicolas Sarkozy em 2007) e ex-ministra do Ambiente. Afirma, hoje, estar preparada para o cargo de topo, por ser “a mais ecologista dos socialistas” e porque propõe uma aliança formal do PS com os ecologistas.

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