Foto de abertura: D. António Marto, bispo de Fátima, por PAULO CUNHA /LUSA
Bispo de Fátima abre portas a investigação sobre pedofilia
« Num recado para toda a Igreja e para a sociedade », António Marto fez questão de abordar o tema. « Todas as ações que tiverem de ser feitas devem ser feitas », admitiu em declarações citadas pelo Diário de Notícias.
« Era suposto ser apenas um regresso entusiasmado dos peregrinos ao Santuário « sem limitação de presenças, fora dos círculos pintados no chão durante os tempos mais duros da pandemia », escreve o DN, que acrescenta: « Mas a peregrinação internacional aniversária deste 12 e 13 outubro acabou por ser marcada pelo tema que, desde há vários dias, paira como uma nuvem sobre a Igreja Católica: a pedofilia em França, e as ondas de choque que acabam por fazer-se sentir no resto do mundo ».
O diário acrescenta que o bispo de Leiria-Fátima fez questão de usar a habitual conferência de imprensa que antecede as cerimónias para falar do tema. Um recado para outros bispos? « Não! É para toda a Igreja em Portugal, e para toda a sociedade. É o que eu penso. Porque isto é necessário. Há muita gente que passa a leste disto, quer dentro quer fora da Igreja. Por isso citei o Papa Francisco e o Papa Bento XVI, porque às vezes dizem que ele não fez nada [a este respeito] ».
« D. António Marto citara ambos, minutos antes, como quem lembra que o tema não chegou agora à Igreja. De resto, lembrara mesmo o que os jornalistas tinham perguntado a Bento XVI, em 2010, na viagem de avião até Fátima, quando o tema estava também na ordem do dia. E a resposta: « o perdão não substitui a Justiça ». »
E o DN acrescenta: « Mas quando instado a responder, concretamente, se « é a favor de uma investigação em Portugal? » (como a que aconteceu em França), o bispo de Leiria-Fátima não arrisca uma resposta clara, embora se depreenda das suas palavras que é apologista desse caminho: « Todas as ações que tiverem de ser feitas, devem ser feitas. Não devemos ter uma atitude de contemplação ». »
O jornal português conclui:
« E no passado, será que a Igreja em Portugal não teve? « Que eu conheça não », diz António Marto. « Quando chega uma denúncia, acolhe-se e deve ser imediatamente comunicada às autoridades judiciais: ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, que têm meios, recursos de vária ordem para investigar e chegar ao apuramento da verdade muito melhor e mais rapidamente do que nós. Depois é preciso que as pessoas que se sentem vítimas, seja no presente ou no passado, façam ouvir a sua voz. Podem fazê-la na sua diocese, mas também noutra qualquer. Porque assim e vai apurando a verdade ».
« As declarações de António Marto aconteceram poucas horas depois da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), também em Fátima, ter admitido a constituição de « um grupo a nível nacional a partir das comissões diocesanas » de proteção de menores e adultos vulneráveis, para acompanhar a questão dos abusos sexuais na Igreja ».
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