O Governo chinês disse desconhecer a polémica em torno da tenista Peng Shuai, que desapareceu após acusar um ex-alto quadro do Partido Comunista da China de abuso sexual.
Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse em conferência de imprensa que o assunto “não é uma questão diplomática” e que não está ciente da situação.
O ministério tem rejeitado consistentemente ter conhecimento do problema, desde que se tornou um tema na imprensa internacional esta semana.
Peng, de 35 anos, é uma ex-jogadora do ranking de duplas femininas que conquistou títulos em Wimbledon, em 2013, e no The French Open, em 2014.
Ela também participou em três Jogos Olímpicos, tornando o seu desaparecimento ainda mais proeminente, numa altura em que Pequim se prepara para sediar os Jogos de inverno, a partir de 4 de fevereiro.
Peng escreveu nas redes sociais, em 2 de novembro, que foi forçada a ter relações sexuais, apesar das repetidas recusas, por Zhang Gaoli, um ex-vice-primeiro ministro e membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a cúpula do poder na China.
Ela escreveu que a esposa de Zhang ficou de guarda à porta durante o incidente. Na mesma mensagem, Peng apontou que, depois daquele primeiro encontro, ela passou a sentir algo por ele.
A mensagem foi removida poucos minutos depois e a imprensa chinesa, que está submetida à censura exercida pelo regime, não referiu o assunto.
O presidente da Associação de Ténis Feminino (WTA), Steve Simon, expressou “crescente preocupação” relativamente à segurança de Peng Shuai, depois de a imprensa oficial chinesa ter difundido uma mensagem na qual a tenista garante “estar bem”.
De acordo com a alegada mensagem enviada por Peng a Steve Simon, difundida agora na página da televisão estatal chinesa CGTN na rede social Twitter, a tenista garantiu estar “bem e a descansar”.
“Não estou desaparecida. As alegações de abusos sexuais não são verdadeiras. Estou a descansar em casa e estou bem. Obrigado pela sua preocupação”, lê-se na mensagem atribuída a Peng.
Steve Simon afirmou, em comunicado, que a alegada carta divulgada pela CGTN apenas aumenta as preocupações sobre a segurança e o paradeiro de Peng.
“É difícil acreditar que Peng Shuai escreveu aquela mensagem que recebemos ou que lhe pode ser atribuída. Peng revelou grande coragem ao descrever as alegações de abuso sexual contra um alto quadro do Governo chinês. A WTA e o resto do mundo precisam de obter evidência verificável de que ela está segura. Tentei contactá-la de várias maneiras, mas sem sucesso”, disse Simon.
Com Agência Lusa.