A inauguração oficial da obra « As Três Graças », de Pedro Cabrita Reis, no jardim das Tulherias, em Paris, serviu de pontapé de saída para nove meses de intercâmbios culturais, num momento de « grande alegria » entre os dois países.
« Estou muito comprometida que esta celebração aconteça ao mais alto nível. Queremos que o público venha, mas também o poder político para mostrar a importância deste evento. Este é um fim de semana particularmente rico, é como se houvesse um fogo de artifício de Portugal em França que vai reunir milhares de pessoas e é uma grande alegria », disse a ministra francesa da Cultura, Roselyne Bachelot, em declarações à Agência Lusa.
Coube a Roselyne Bachelot acolher hoje no Jardim da Tulherias, junto ao Museu do Louvre, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, em deslocação oficial em França para participar na abertura da Temporada Cruzada França-Portugal, que vai durar até outubro.
A solenidade do momento não escapou ao chefe de Estado português: « É dos sítios mais privilegiados em França, nas Tulherias. Temos aqui o Louvre, maior museu francês e dos maiores do mundo. Agora está aqui um grande criador português, outros criadores estarão durante nove meses. Estas temporadas duram seis meses, a portuguesa dura nove meses e vai até outubro. Tem música, exposições, tem tudo », sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.
O sol de Lisboa estendeu-se esta tarde a Paris para o lançamento dos cerca de 500 eventos que vão acontecer nos dois países nos próximos meses, com a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, a sublinhar a importância desta iniciativa para a internacionalização dos artistas portugueses.
« A internacionalização dos artistas portugueses é um objetivo comum e estratégico, não apenas na forma como projetamos o país, mas a forma como podemos apoiar os artistas portugueses naquilo que é a sua presença no contexto internacional », disse a governante, mencionando o lançamento na semana passada do plano da Ação Cultural Externa.
No relvado do Jardim das Tulherias, figuras da cultura portuguesa como Joana Vasconcelos, mas também das instituições nacionais, como Isabel Mota, presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, cruzaram-se com altos representantes do Instituto Francês e figuras da comunidade portuguesa em França.
« Estamos muito felizes de podermos estar juntos, aqui, com todas estas pessoas com quem trabalhámos durante dois anos, num dia lindo em Paris », descreveu a comissária francesa desta temporada, Victoire Bidegain di Rosa.
Mais do que uma montra para os artistas, este é o momento para renovar o conhecimento mútuo entre os dois países, de forma a criar novos laços.
« É verdade que precisamos conhecer melhor Portugal, não só as praias ou um amigo português com quem bebemos um copo em Paris ou Lisboa, mas conhecer os artistas, os ‘designers’ e há um movimento crescente entre os dois países », declarou Roselyne Bachelot.
De forma a lançar esta temporada em Portugal, a ministra francesa vai estar esta semana em Lisboa acompanhada por uma comitiva de jornalistas franceses que vão assistir à inauguração da retrospetiva do artista francês Gérard Fromanger, no Museu Berardo.
Cabe agora ao público, tanto em França como em Portugal, acolher esta iniciativa, voltando, após o período da pandemia, às salas de espetáculo.
« Este início de 2022 traz-nos a todos algum alívio em relação à situação pandémica e é muito importante a mensagem de que a cultura é segura, e demonstrou-se que assim era, mas precisamos mesmo que as pessoas voltem de forma muito expressiva aos teatros, aos cinemas, às exposições e às escolas », sublinhou Graça Fonseca.
Para o artista no centro desta inauguração, a sua obra « As Três Graças », feita em cortiça e aço, serviu o propósito da arte, que é aproximar os povos.
« O que é mais emocionante numa circunstância destas é sentir que uma obra de arte pode ser um lugar de encontro em que se fazem todas as convergências de política cultural, económica, diplomática, tolerância que devem reger a relação entre os países europeus. A arte convoca a isso », concluiu Pedro Cabrita Reis.
Com Agência Lusa.