Milhares de pessoas manifestaram-se hoje na Europa contra a guerra na Ucrânia, com desfiles e concentrações nas ruas de Paris, Roma e Zurique, com gritos de “não à guerra”, mas também “não à NATO”.
Em Paris, uma das várias capitais europeias onde neste fim de semana se organizaram protestos contra a invasão Rússia da Ucrânia, vários milhares de pessoas juntaram-se ao início da tarde para dizer “não à guerra”.
“Estaremos lá este fim de semana, em Paris ou outro lado, até que o senhor Putin vá embora, retire os seus tanques”, disse à AFP Aline Le Bail-Kremer, membro da organização ‘Stand With Ukraine’, uma das muitas que convocou a manifestação de hoje em Paris.
Bernard Arnaud, 47 anos, manifestante em Paris, vestido de amarelo e azul numa evocação da bandeira ucraniana, disse ser “muito importante” estar ali.
“O senhor Putin é completamente imprevisível. Virei sempre que possível”, disse, rodeado de cartazes onde se lia ‘Stop War’ (Parem a Guerra), ‘Putin assassin’ (Putin assassino) ou ‘Sauvez l’Ukraine (Salvem a Ucrânia).
A franco-ucraniana Nataliya, que não quis dar o seu último nome aos jornalistas da AFP para proteger os seus filhos que permanecem na Ucrânia, disse ter “orgulho da sua coragem, da sua determinação” e manifestou-se confiante de que “apesar do sofrimento” os ucranianos vão ganhar a guerra.
Em Roma, onde milhares de pessoas convocadas por centrais sindicais e ONG também estão na rua para um “cortejo da paz”, protesta-se contra a invasão da Ucrânia, para dizer “não” a Putin, mas também à NATO.
“Nenhuma base, nenhum soldado, Itália fora da NATO”, gritavam os manifestantes pacifistas em cortejo em Roma precedido por uma grande bandeira da Ucrânia e rodeados de vários cartazes onde se lia “Não a Putin, não à NATO”.
“É, talvez, uma das primeiras grandes manifestações pela paz. Aqui ninguém acredita que se faz a paz com as armas, que o fazemos enviando armas para uma das partes”, a Ucrânia, disse à AFP o reconhecido caricaturista, ator e escritor italiano Vauro Senesi.
A Itália decidiu enviar armas para a Ucrânia, mas sem precisar detalhes desse fornecimento militar.
“Não há guerras justas nem bombas inteligentes”, disse o líder da maior confederação sindical italiana, a CGIL (de esquerda), Maurizio Landini.
“Não se param guerras com outras guerras e não se param enviando armas ao povo ucraniano. Para-se a guerra enviando a ONU para a Ucrânia”, acrescentou Landini.
Uma posição não partilhada por Luigi Sbarra, líder da confederação CISL (católica), a segunda maior em Itália e que recusou participar no cortejo, explicando em carta aberta que não é possível colocar no mesmo plano oprimidos e opressores.
Em Zurique, a maior cidade suíça em termos de população, dezenas de milhares de pessoas saíram à rua para exigir a retirada das tropas russas da Ucrânia, um cessar-fogo imediato e negociações diplomáticas, numa manifestação organizada por sindicatos e partidos de esquerda, que apelaram à mobilização para o protesto que decorre sob o lema “A paz agora”.
Bandeiras ucranianas e cartazes onde se lê ‘Stop War’ (Parem a guerra) e ‘Peace’ (Paz) pontuam o protesto que reúne cerca de 20 mil pessoas, com a organização a estimar que no final possam vir a estar cerca de 40 mil.
A Suíça, historicamente neutral, acabou por tomar posição ao lado da União Europeia, nomeadamente nas sanções económicas aos oligarcas russos com bens nos seus bancos.
Em França, para onde se previam manifestações em mais de uma centena de cidades, as estimativas apontavam para cerca de 25 mil pessoas nas ruas.
No passado fim de semana, centenas de milhares de pessoas estiveram nas ruas da Europa contra a guerra, incluindo milhares na Rússia, apesar dos riscos de detenção pela polícia; pelo menos 100 mil em Berlim (Alemanha); 70 mil em Praga (República Checa) e 40 mil em Madrid (Espanha).
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
Com Agência Lusa.