A associação portuguesa Les Hirond’Ailes, em conjunto com outras associações francesas, vai acolher na região parisiense dois jovens angolanos vindos da Ucrânia que não conseguiam passar a fronteira da Polónia e está a reunir bens para enviar para a Ucrânia.
« Os jovens estão transtornados pelo facto de terem de atravessar a fronteira e não os aceitarem pela cor da pele, de os mandarem para trás e terem de alugar um táxi. Eu não fui educada assim, tenho netas mestiças. Somos todos iguais », afirmou a presidente da associação Les Hirond’Ailes, Suzette Fernandes, em declarações à agência Lusa.
Desde o início da guerra na Ucrânia que esta dirigente associativa se mobilizou, já que tem uma amiga moldava que lhe mostrou os efeitos do conflito no quotidiano de milhões de ucranianos. Com os restantes membros da associação, Suzette Fernandes começou a recolher bens de primeira necessidade para enviar para a Ucrânia em parceria com outras associações locais, em Sucy-en-Brie, nos arredores de Paris.
Falaram-lhe então destes dois jovens angolanos que não estavam a conseguir atravessar a fronteira e, através dos contactos na Polónia, foi possível não só fazê-los passar a fronteira, como os jovens chegam já no domingo a França.
Em Sucy-en-Brie têm à sua espera uma casa, que lhes será cedida gratuitamente durante algumas semanas. A Les Hirond’Ailes encarregou-se de encher os armários com comida, tendo lavado e passado roupas para estes dois jovens de 21 e 22 anos que até há alguns dias eram estudantes na Ucrânia.
Com um visto que lhes permite permanecer na Europa, a associação procura agora junto da comunidade portuguesa oportunidades de trabalho para que os jovens possam encontrar uma situação estável em França. Para já, nenhum deles mostra vontade de voltar a Angola.
Ao mesmo tempo, para a semana parte mais um camião de 20 toneladas para a Ucrânia e Les Hirond’Ailes estão a reunir roupas de criança e bebé, cobertores, mas também produtos de higiene para bebés, mulheres e homens para distribuir aos refugiados na Polónia e mesmo fazer chegar aos soldados ucranianos alguns bens na frente de combate.
« Tive um bocadinho de receio quando me começaram a falar em produtos para soldados, porque pensei ‘vamos ajudar a guerra?’, mas afinal não estamos a ajudar a guerra, estamos a ajudar os homens. O bem-estar deles », disse Suzette Fernandes.
A associação Les Hirond’Ailes vai levar a cabo a partir de domingo na Casa de Portugal, em Champigny-sur-Marne, na região parisiense, uma recolha de bens que serão depois distribuídos na Polónia e na Ucrânia.
Com Agência Lusa.