O aumento da participação dos emigrantes, nas anteriores eleições legislativas, poderá retroceder no próximo escrutínio se for mantido o mesmo número de deputados eleitos por estes círculos, alertou hoje um elemento da direção do movimento Todos Somos Portugueses (TSP).
Nelson Rodrigues falava durante a apresentação do relatório sobre as anteriores eleições para a Assembleia da República, o qual concluiu que 200 mil portugueses no estrangeiro não conseguiram votar porque não receberam o boletim de voto, principalmente devido ao mau funcionamento dos correios e problemas com as moradas.
Este dirigente do TSP considera que a participação dos emigrantes, pelos círculos Europa e fora da Europa, que aumentou na eleição de 30 de janeiro, justifica um número de deputados maior que o atual: quatro.
A participação dos emigrantes nas eleições para a Assembleia da República em 2022 foi marcada por um número recorde de votantes: 257.791, contados em 10 de fevereiro de 2022, aumento de 63% relativamente aos 158.252 votos em 2019.
Uma participação que, para este movimento, justifica um número maior de deputados por estes círculos, caso contrário os emigrantes portugueses poderão considerar que o seu voto não é devidamente levado em conta.
O presidente do TSP, Paulo Costa disse que a possibilidade do voto digital começa a apresentar menos resistências e acredita que o teste a esta modalidade, que será durante a eleição do próximo Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), deverá contribuir para o seu alargamento posterior.
Com base num inquérito a eleitores portugueses a residir no estrangeiro, que originou 787 respostas válidas, este movimento identificou 43,5% eleitores que queriam, mas não conseguiram votar.
“As principais causas estão relacionadas com o mau funcionamento dos correios e com problemas com as moradas onde devem ser recebidos os boletins de voto”, aponta o relatório hoje apresentado por videoconferência.
Em relação aos problemas com o recenseamento, o movimento refere que “há um problema com a renovação do cartão de cidadão”, pois “muitos portugueses no estrangeiro foram retirados dos cadernos eleitorais quando renovaram o cartão do cidadão, sem serem informados disso na altura”.
Recomenda o movimento que “seja revista a aplicação de renovação do cartão de cidadão, para que seja mantido o recenseamento dos cidadãos no estrangeiro, a não ser que seja expressamente pedida a sua retirada dos cadernos eleitorais”.
Em relação aos métodos de votação, o documento indica que há métodos de voto diferentes para eleições diferentes.
“É patente a confusão de muitos eleitores no estrangeiro devido aos diferentes métodos de votação nas diferentes eleições, com eleitores a deslocarem-se aos consulados para votar e serem mandados embora por não se terem registado para votar presencialmente, quando esse tinha sido o método de voto nas eleições anteriores para o Presidente da República”, refere o documento.
O movimento defende que seja “implementado o voto digital”, uma vez que “80% dos inquiridos no inquérito escolheram-no como o método preferido – mas em acumulação com o voto presencial e o voto postal”.
Com Agência Lusa.