Visita do PR francês é um “presente interessante” para o regime na Guiné-Bissau – Analista à Lusa
O analista político guineense Armando Lona disse à Lusa que a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, na próxima quinta-feira a Bissau, “é um bom presente” para as atuais autoridades na Guiné-Bissau.
Armando Lona não vê de concreto o que aquela que é a primeira visita de um chefe de Estado francês a Bissau poderá representar para a vida dos cidadãos guineenses, mas antevê ganhos para o poder dos governantes.
“Para o regime que está em vigor na Guiné-Bissau sim. É um presente interessante. Como é um regime também que do ponto de vista interno está a ter muitas dificuldades em todas as frentes, ter esse presente de dirigir a CEDEAO e ter agora a visita […] que não é neutra à nova realidade que é a Guiné-Bissau a dirigir a CEDEAO”, observou Armando Lona.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, assumiu, no passado dia 03, a presidência rotativa da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), por um período de 12 meses.
Lona, que é comentador de assuntos políticos na rádio privada Bombolom FM, observou ainda que a visita de Emmanuel Macron terá impacto a nível de mediatismo e na opinião pública interna e pouco mais do que isso, disse.
“Vai ser, quer queiramos, quer não, um evento importante para o país porque nunca aconteceu. Agora do ponto de vista real para o impacto na vida dos cidadãos é que eu não vejo ganhos”, destacou o analista guineense.
Armando Lona lembra ainda que neste momento a Guiné-Bissau não tem um parlamento eleito, após a dissolução do órgão pelo chefe de Estado, em maio passado, e o Governo em funções é de mera gestão, pelo que, disse, em caso de assinatura de qualquer acordo entre Macron e o país a sua efetividade será após as eleições legislativas antecipadas, marcadas para 18 de dezembro.
Além do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, Armando Lona aponta o chefe de Estado do senegalês, Macky Sall, como outro beneficiário imediato com a visita do líder francês à Guiné-Bissau.
O analista guineense refere que a visita acontece numa altura em que Macky Sall é alvo de contestações nas ruas lideradas pelo seu principal opositor, Ousmane Sonko, que disse ser um político que se assume contra a presença da França no Senegal.
“É um recado também para a opinião pública senegalesa. É como dizer-lhes que vocês estão a criar uma situação de hostilidade em relação à França, nós podemos mudar de aliado”, sublinhou Armando Lona.
O Presidente francês visitará os Camarões, Benim e a Guiné-Bissau entre segunda-feira e quinta-feira, anunciou a Presidência francesa.
Esta viagem é a primeira deslocação de Macron a África desde a sua reeleição, em abril.
A crise alimentar causada pela guerra na Ucrânia, a produção agrícola e as questões de segurança estarão no centro desta viagem, adiantou a Presidência francesa.