Macron não quer europeus « vassalos » dos norte-americanos
Presidente francês não quer a UE a seguir os EUA na questão de Taiwan, nem a entrar numa lógica de « bloco contra bloco ».
Macron defende « estratégia de autonomia » para Europa não ser arrastada pela tensão China/EUA.
Navio de guerra dos EUA em operação no mar do Sul da China, Pequim denuncia « intrusão.
A Marinha norte-americana anunciou que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China, com Pequim, em manobras militares em torno de Taiwan, a denunciar « a intrusão » do contratorpedeiro.
« Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar », disse a Marinha dos Estados Unidos, numa declaração, acrescentando que o USS Milius tinha passado perto das ilhas Spratly.
Alfa/ com Lusa e jornais (adaptação Alfa)
« O pior que pode acontecer é que os europeus acreditem que têm que se tornar seguidores e adaptar-se ao ritmo americano e às reações exageradas da China », disse o chefe de Estado francês em entrevista ao jornal Les Echos, publicada no regresso da sua visita à China.
Macron fez essa consideração à luz das atuais tensões entre Estados Unidos, China e Taiwan, neste momento palco de um exercício militar chinês sobre um bloqueio à ilha, em retaliação à visita da líder da ilha, Tsai Ing Wen, aos Estados Unidos.
“Por que devemos ir no ritmo escolhido por outros? Em algum momento, devemos perguntar-nos quais são os nossos próprios interesses”, afirmou.
O Presidente francês explicou que a Europa pode acabar como uma « pinça » entre os Estados Unidos e a China se esse conflito se agravar.
“À medida que o conflito entre este duopólio se acelera, não teremos tempo nem meios para financiar a nossa autonomia estratégica e ficaremos vassalos”, alertou.
Em vez disso, Macron defende a transformação da Europa num « terceiro polo » internacional, embora tenha advertido que a sua construção levará um tempo que talvez não haja.
« A autonomia estratégica deve ser a luta da Europa. Não queremos depender dos outros em questões críticas, porque no dia em que ficarmos sem margem de manobra em questões como energia, defesa, redes sociais ou inteligência artificial, o dia em que ficarmos sem a estrutura necessária sobre essas questões, ficaremos fora do ritmo da história », concluiu.