Mensagem de Ano Novo. Marcelo deixa alerta para eleições de 2019. O Presidente da República apelou ao exercício do voto nos três atos eleitorais de 2019 e considerou fundamental que haja bom senso nessas campanhas, advertindo que radicalismos, arrogâncias e promessas impossíveis destroem a democracia.
Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições sobre os riscos da demagogia e do populismo na sua tradicional mensagem de Ano Novo, na qual assinalou que o clima pré-eleitoral para as três eleições que se realizam em 2019 (europeias, regionais da Madeira e legislativas) « já começou em 2018 ».
« O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje », defendeu o chefe de Estado.
Ainda num apelo contra a abstenção, o Presidente da República incentivou os portugueses a « debater tudo, com liberdade », mas sem criar « feridas desnecessárias e complicadas de sarar ».
« Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta », completou, referindo-se à conjuntura de contestação social.
Neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois uma série de avisos a todos aqueles que pretendem candidatar-se nas próximas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas: « Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores ».
« Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis. Com o mundo e a Europa como se encontram bom senso é fundamental », salientou o chefe de Estado.
Na sua mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou também que « bom senso » e « ambição » não são incompatíveis em democracia e, nesse sentido, traçou objetivos para Portugal nos planos político, económico e social.
« Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado. Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais », lamentou o Presidente da República.
O chefe de Estado assumiu ainda como ambição do país « dar mais credibilidade, transparência, verdade » às suas instituições políticas, fazendo com que « a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar ».
« Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não, não é. Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro », concluiu o Presidente da República.
Nesta sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida aos portugueses, o Presidente da República referiu-se com preocupação à atual conjuntura internacional, considerando que « estes tempos continuam difíceis ».
« Num mundo em que falta em direito, paz, diálogo, justiça, certeza o que sobra em razão da força, conflito, desigualdades, incerteza. Numa Europa que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas. Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo », adverte o chefe de Estado.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, « a resposta a estes tempos só pode ser uma: valores, princípios e saber aprendido em quase novecentos anos de História; dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas, ignoradas ».
Ainda em defesa da liberdade, do direito à diferença, do pluralismo e do Estado de Direito, o Presidente da República deixou o aviso de que « não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita ».
« Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há democracia que dure onde alguns poucos concentrem tanto quanto todos os demais », acrescentou.