AD com « maioria maior » em noite de festa para o Chega e de demissão do líder do PS

The leader of the Democratic Alliance (AD) coalition and President of the Social Democratic Party (PSD) Luis Montenegro (C-L), flanked by his mother Virginia Montenegro (L) and his wife Carla Montengro (C-R), delivers his victory speech on the election night of the legislative elections 2025 at coalition campaign headquarters in Lisbon, Portugal, 19 May 2025. More than 10.8 million voters living in Portugal and abroad will be asked to vote in these early parliamentary elections on 18 May and choose from among the 21 competing political forces the party they believe should form the next government and elect the 230 seats of the Assembly of the Republic for the next legislature. MIGUEL A. LOPES/LUSA

A AD venceu as legislativas de domingo com uma « maioria maior » do que a alcançada em 2024 numa noite eleitoral marcada pela estrondosa derrota do PS, que provocou a demissão do seu secretário-geral, Pedro Nuno Santos.

O líder socialista anunciou a convocação de eleições internas, nas quais não será candidato, numa altura em que o PS corre o risco de perder para o Chega o estatuto de maior partido da oposição.

Com os quatro mandatos dos círculos da emigração ainda por atribuir, o PS fechou a noite eleitoral com um maior número de votos do que o Chega, mas ambos com 58 deputados eleitos. Se os resultados de 2024 dos círculos da Europa e Fora da Europa se repetirem, o Chega ultrapassará o PS como segundo maior grupo parlamentar da Assembleia da República, a seguir ao do PSD. Em 2024, dos quatro mandatos em disputa, dois foram para o Chega, um para a AD e outro para o PS,

A AD (coligação do PSD com o CDS) alcançou pelo menos 89 mandatos, os quais somados aos 58 do Chega e aos nove da Iniciativa Liberal perfazem dois terços dos deputados à Assembleia da República que permitem aprovar leis de valor acrescentados, como por exemplo uma revisão da Constituição sem necessitar de acordos com a esquerda parlamentar.

Com 23,4% dos votos e 58 deputados, o PS de Pedro Nuno Santos registou o seu terceiro pior resultado de sempre, a seguir aos 20,8% e 57 deputados em 1985 e aos 22,2% e 60 deputados de 1987, numa altura em que o parlamento contava com 250 mandatos.

Pedro Nuno Santos assumiu as responsabilidades e disse que deixará de ser secretário-geral « no momento em que puder », afirmando não querer ser « um estorvo ao partido nas decisões que pretender tomar ».

Os grandes vencedores da noite foram a AD de Luís Montenegro, que alcançou 32,7 por cento e 89 deputados, reforçando em quase cinco pontos percentuais o resultado alcançado em 2024 (28,8 e 80 deputados) e o Chega de André Ventura.

Luís Montenegro viu assim confirmada nas urnas a sua legitimidade como primeiro-ministro, sobretudo após o caso da sua empresa familiar, a Spinumviva, que motivou a queda do Governo e a convocação e a antecipação das legislativas.

Ao dirigir-se ao país, no fim da noite eleitoral, Montenegro assinalou a « confiança reforçada » que recebeu dos portugueses e pediu « sentido de Estado e de responsabilidade » às oposições, alegando que os portugueses « querem uma legislatura de quatro anos ».

« Nós vamos ser o Governo para todos, todos, todos », prometeu Montenegro, depois de sublinhar: « O povo quer este Governo e não outro. O povo quer este primeiro-ministro e não outro ».

Com 22,56% e pelo menos 58 deputados, o Chega conseguiu o melhor resultado de sempre e, se voltar a vencer nos círculos da emigração, passará a ser o maior partido da oposição. Apesar de ter traçado como objetivo vencer as eleições, André Ventura tem conseguido pôr o partido sempre a crescer desde 2019, quando conseguiu eleger um deputado à Assembleia da República.

Ventura reclamou, por isso, que « acabou oficialmente o bipartidarismo em Portugal », omitiu o objetivo eleitoral por si traçado ao longo da campanha e anteviu que « nada ficará como dantes » na política em Portugal.

À esquerda, o Livre foi o único partido a poder cantar vitória, ao alcançar 4,2% e passar de quatro para seis deputados.

O BE registou uma grande derrota, perdendo o seu grupo parlamentar, que chegou a ter 19 representantes em 2015 e 2019, passando a partido de deputada única, a sua coordenadora, Mariana Mortágua, que ainda assim confirmou a sua recandidatura à liderança na convenção marcada para novembro.

A CDU, com 3,0%, passou de quatro para três deputados. A IL ganhou um deputado relativamente a 2024, passando a contar com nove deputados. O PAN falhou o objetivo de voltar a ter um grupo parlamentar mas confirmou a eleição da sua porta-voz, Inês Sousa Real.

A Assembleia da República vai ainda contar com um partido estreante, o Juntos Pelo Povo, partido com sede na Madeira que conseguiu eleger Filipe Sousa. Com a entrada do JPP e a manutenção de todos os outros, o parlamento voltará a ter dez partidos, como em 2019, número recorde.

A abstenção continuou a recuar, registando 35,6%, o valor mais baixo desde 1995, quando se situou nos 33,7%.

 

Com Agência Lusa.

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