Agir lança álbum acústico « Cantar Carneiros » em registo « mais verdadeiro que perfeito »

Com Lusa

O novo álbum de Agir, “Cantar Carneiros”, é lançado hoje, deixando de lado a eletrónica e criando, em registo acústico e com outros artistas convidados, algo “mais verdadeiro do que perfeito”, segundo o criador.

Com capa assinada pelo artista plástico Bordalo II, sobre uma fotografia de Arlindo Camacho, esta nova criação musical conta ainda com convidados como Bárbara Tinoco, Tainá, Milhanas e a atriz Isabel Ruth.

O músico de 34 anos decidiu, neste novo álbum, colocar de parte a música eletrónica, optando por um registo totalmente acústico pela primeira vez, depois de algumas experiências semelhantes, como no EP “Alma Gémea”, de 2013.

“A opção foi tomada com base na tentativa de fazer algo que não tivesse explorado tanto, até para me estimular e experimentar coisas novas”, disse o músico, em entrevista à agência Lusa.

O próprio processo criativo dos 11 temas de “Cantar Carneiros” foi diferente: “Eu costumo sempre começar pela canção primeiro, e a letra é a última a vir. Aqui foi ao contrário. Escrevi os poemas todos primeiro, e depois é que os musiquei”.

Bernardo Costa, conhecido como Agir, começou a gravar a própria música aos 12 anos, e também tem composto para nomes como Mariza, Rita Guerra, Mafalda Sacchetti, bem como o pai, Paulo de Carvalho.

No novo álbum, há ainda o contributo de artistas convidadas, além da artista Milhanas, com quem trabalha pela primeira vez, nomeadamente Bárbara Tinoco, que assina a letra de “Morada” e Tainá em “Tem Mais”, enquanto a atriz Isabel Ruth criou “Madalena”.

A colaboração com a atriz surgiu através de Paulo de Carvalho, que lhe sugeriu ouvir composições de Isabel Ruth. A atriz acabaria por escrever letra e música daquele tema, que é “autobiográfico”, relatou o músico à Lusa.

 

 

“Constelações” (que pode ouvir acima), “Olhos da alma”, “Mesa para dois”, “Prescrever”, “Quero-te” e “A prestações” são outros temas do álbum, recheado de “crónicas” do quotidiano do artista.

Os temas falam, por exemplo: “Do bom que é ter alguém, e um sítio para onde voltar – a que chamamos casa – das pequenas discussões saudáveis que existem, como quando a minha mulher quis mudar os móveis de lugar e a casa toda, e eu acho que as coisas estão ótimas como já estão…”.

“São coisas que não deixam de ser importantes, mas mundanas, do dia-a-dia, que eu vivi, e que, provavelmente, muita gente vive. Essa foi a premissa do álbum”, descreveu o músico.

Atravessado por muitos sentimentos e reflexões, “Cantar Carneiros” também brinca com tipos de produções audiovisuais, no tema “Nas novelas”, fazendo uma sátira a clichés como “o bom e o mau irmão, o pequeno-almoço perfeito, ou o casamento no final”.

Entrar num formato totalmente acústico foi também o resultado da vivência do tempo inédito da pandemia: “Deu-me oportunidade para parar. Felizmente, antes estava com muito trabalho, mas quando estamos em velocidade de cruzeiro não temos tempo nem distanciamento para refletir, aprofundar algumas coisas”.

O tempo “parado” deu a Agir “o distanciamento para maturar algumas ideias” e usar métodos fora do habitual no processo criativo, debruçando-se mais sobre as letras das canções, recordou.

“A pandemia permitiu-me sair um bocado da minha bolha e das coisas que eu gosto muito de fazer, mas que não me deixam tempo para pensar que o mundo não sou só, e existe muito mais do que as coisas que eu faço”.

Ainda sobre a opção totalmente acústica do novo trabalho, explicou que por criar habitualmente muita música eletrónica, de “tempos a tempos”, sente “vontade de pôr de lado, e explorar aquilo que também dão os instrumentos”, como flauta, acordeão, contrabaixo, violino, trompa, violoncelo, entre outros tocados no álbum.

O músico sentiu também vontade de arriscar num trabalho que tentou que “fosse muito mais verdadeiro do que perfeito, onde se assumisse até o possível erro”, disse à Lusa.

“Costumo editar muito os instrumentos e as vozes, e aqui foi tudo gravado ao primeiro e ao segundo ‘take’, a assumir um possível erro que tivesse, mesmo as próprias fotografias e vídeos foram feitos em analógicos”, apontou o autor de 34 anos, nascido em Lisboa.

Diogo Clemente, Alexandre Frazão, Rodrigo Correia, Pedro Santos, Elmano Coelho, Manuel Oliveira, Ana Pereira, Romeu Madeira, Tatiana Leonor, Tiago Mirra, Ruben da Luz e Ricardo Alves são alguns dos intérpretes dos instrumentos tocados em “Cantar Carneiros”.

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