Albuquerque oficializou renúncia ao cargo de presidente do Governo da Madeira

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, acompanhado pelo Representante da República para a Região Autónoma da Madeira, Ireneu Cabral Barreto (D), fala à comunicação social após a audiência no Palácio de São Lourenço, no Funchal, 29 de janeiro de 2024, HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), oficializou hoje a renúncia ao cargo junto do representante da República, mas a demissão não tem efeitos imediatos, apesar de ter sido aceite.

O anúncio foi feito por Miguel Albuquerque em declarações aos jornalistas, após ter sido recebido, a seu pedido, pelo representante da República, Ireneu Barreto, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.

Por seu turno, Ireneu Barreto revelou que aceitou a renúncia, mas que esta não tem, para já, efeitos imediatos.

« Estou a ponderar a melhor altura para que produza efeitos. Pode ser que seja ainda esta semana, pode ser que seja só depois do Orçamento aprovado. Neste momento, a data está em aberto », acrescentou.

O presidente do Governo Regional anunciou na sexta-feira que iria renunciar ao cargo, dois dias depois de ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira e que levou à detenção do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), e de dois empresários ligados ao setor da construção civil e do turismo.

De acordo com o artigo 62.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, implica a demissão do executivo « a apresentação, pelo presidente do Governo Regional, do pedido de exoneração ».

A Madeira realizou eleições para a Assembleia Legislativa Regional em 24 de setembro, pelo que uma eventual dissolução pelo Presidente da República só poderá ocorrer depois de 24 de março, segundo a lei, que impede os parlamentos de serem dissolvidos durante seis meses após eleições.

“Eu aceitei a demissão do senhor presidente, mas ainda não demiti”, reiterou Ireneu Barreto, realçando que Miguel Albuquerque não lhe indicou nenhum nome para o substituir na liderança do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, cuja maioria absoluta na Assembleia Legislativa é suportada pela deputada única do PAN, através de um acordo de incidência parlamentar.

O representante da República esclareceu, por outro lado, que só ouvirá os nove partidos representados no parlamento regional – PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, PCP, IL, BE e PAN – depois de o executivo estar demitido.

“Vou falar com os partidos, vou ouvir o que eles têm para me dizer. Eu estou aberto a toda a solução que seja aquela que eu considero a maior defesa dos interesses da Madeira”, disse.

Ireneu Barreto reiterou, no entanto, que a demissão de Miguel Albuquerque não tem efeitos imediatos.

“O senhor presidente vai analisar a sua situação, eu vou analisar a minha. Vamos ver os interesses da região e depois vamos tomar a decisão de acordo », explicou.

A discussão do Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2024, no valor global de 2.238 milhões de euros, o maior de sempre, está agendada para o período entre 06 e 09 de fevereiro, mas no dia 07 fevereiro serão também votadas as moções de censura ao Governo Regional apresentadas pelo PS, o maior partido da oposição madeirense, e pelo Chega.

“Estou disponível para tudo aquilo, independentemente dos meus interesses, que seja do interesse da Região Autónoma da Madeira”, afirmou Miguel Albuquerque no final da reunião com o representante da República, sublinhando também a importância de o Orçamento Regional para 2024 ser aprovado, evitando a gestão por duodécimos.

Para o chefe do executivo demissionário, é determinante analisar os “interesses fundamentais da região”, para além da conjuntura e das questões política e mediática.

“Eu estive 30 anos de serviço à Madeira, ao desenvolvimento da Madeira, e neste momento tenho de continuar, aliás como fiz ao longo da minha vida, a olhar para os interesses primaciais, são as famílias, são as empresas”, disse, para logo acrescentar: “Nós não podemos ter aqui uma situação de instabilidade económica e social que traga regressão para o desenvolvimento da região”.

E reforçou: “A minha disponibilidade, o meu desprendimento é total. Quero dizer, neste momento, não estou agarrado de maneira nenhuma ao cargo”.

Miguel Albuquerque disse, por outro lado, que vai manter-se como presidente do PSD/Madeira até à realização de um novo congresso, ainda sem data marcada, mas que não vai ocupar o lugar de deputado na Assembleia Legislativa Regional.

 

Com Agência Lusa.

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