Alemanha/Atualização: Presumível autor do ataque em Magdeburgo é islamofóbico – Governo alemão

Alemanha: Número de mortos no atropelamento de Magdeburgo sobe para quatro

O presumível autor do atropelamento mortal num mercado de Natal em Magdeburgo, na sexta-feira, é islamofóbico, disse hoje a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, quando o balanço do ataque é de cinco mortos e mais de 200 feridos.

A declaração parece afastar suspeitas de um ataque com motivações religiosas islâmicas, ainda que as razões permaneçam por apurar.

Em visita ao local do atentado com vários ministros do seu Governo, incluindo Nancy Faeser, Olaf Scholz apelou à unidade nacional depois de um ataque que classificou como louco, tendo o presumível autor, um homem de 50 anos que reside na Alemanha desde 2006, sido detido pela polícia pouco depois do atropelamento mortal.

Scholz prometeu “agir contra aqueles que querem semear o ódio”.

Ao lado do chanceler, o chefe do governo regional, Reiner Haseloff, anunciou que o número de mortos tinha aumentado.

“Entretanto, já perdemos cinco vidas. E mais de 200 feridos, muitos deles graves e muito graves. E esta é uma dimensão que nenhum de nós poderia ter imaginado”, declarou.

Olaf Scholz demonstrou “muita preocupação” por quase “40 pessoas feridas com tanta gravidade”.

Scholz agradeceu também aos serviços de emergência e à polícia que detiveram o presumível autor do ataque, um médico de 50 anos, da Arábia Saudita, que exercia a sua atividade numa pequena cidade não muito longe de Magdeburgo.

Os motivos do autor do ataque permanecem pouco claros. Não era conhecido pelas suas simpatias pelo movimento ‘jihadista’ e, pelo contrário, o seu perfil mostra-o como apoiante do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ou de Elon Musk.

“Agora é importante esclarecer as coisas. E que isso seja feito de forma precisa e exata”, disse Olaf Scholz.

“Temos de perceber exatamente quem é o autor do crime, o que fez e porquê, para podermos reagir com as necessárias consequências penais. E é isso que vamos fazer”, prometeu.

Taleb A. chegou à Alemanha em 2006, como estudante, e obteve asilo em julho de 2016, depois de ter sido ameaçado de morte por se ter afastado do Islão.

Viveu e trabalhou como psiquiatra em Bernburg, uma pequena cidade de 32.000 habitantes, na margem do rio Saale, entre Magdeburg e Halle.

Como ativista, informava e aconselhava mulheres sauditas sobre as possibilidades de fugirem do seu país, e tinha uma página na ‘internet’ com informações sobre o sistema alemão de asilo.

Numa entrevista concedida ao Frankfurter Rundschau, em 2009, afirmou que muitas mulheres sauditas o procuraram, em busca de proteção, depois de terem sido violadas pelo homem de quem dependiam.

Nessa entrevista, afirmou que o sistema de asilo alemão era um caminho para a liberdade destas mulheres.

A partir de certa altura, o distanciamento em relação ao Islão transformou-se numa rejeição aberta da política migratória alemã.

Em novembro, publicou na sua conta na rede social X (antigo Twitter) uma mensagem com “quatro exigências da oposição saudita” e afirmou que a Alemanha tinha que proteger as suas fronteiras da migração ilegal.

Em seguida, acusou Merkel de ter um plano para islamizar a Europa com a sua política de fronteiras abertas.

Em outras publicações nas redes sociais, mostrou simpatia pela AfD, porque disse que era o único partido que lutava contra o Islão na Alemanha.

Taleb A. queria fundar, juntamente com a AfD, uma academia para ex-muçulmanos na Alemanha, de acordo com o “Der Spiegel”.

Há apenas uma semana, foi difundida uma entrevista sua, num blogue islamófobo dos Estados Unidos, na qual afirmava que o Estado alemão tinha uma operação secreta para perseguir ex-muçulmanos sauditas em todo o mundo e, ao mesmo tempo, concedia asilo a ‘jihadistas’ sírios.

Numa outra mensagem no X, que foi posteriormente apagada, anunciou vingança, segundo o diário “Die Welt”.

De acordo com o jornal local “Magdeburger Zeitung”, Taleb A. esteve ausente do trabalho nas últimas semanas, devido a uma baixa médica.

 

Com Agência Lusa.

 

Até esta manhã, a informação oficial sobre este tema era a seguinte; 

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