André Ventura. Ministro de Cabo Verde demite-se devido à ligação de um cônsul ao Chega

Cabo Verde. Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares, demite-se depois de polémica com cônsul honorário ligado ao Chega. O cônsul é o multimilionário português, Caesar DePaço, que terá contribuído com 10 mil euros para o partido nacionalista português Chega, que apresenta André Ventura como candidato às presidenciais.

A demissão do ministro e a polémica surge depois da SIC ter revelado em Portugal as ligações dele (e o financiamento) a André Ventura, numa reportagem de Pedro Coelho.

O multimilionário português, Caesar DePaço

A decisão do agora ex-ministro, Luís Filipe Tavares, já foi confirmada e aceite pelo Executivo cabo-verdiano.

O multimilionário português, Caesar DePaço, foi apresentado como cônsul honorário de Cabo Verde em Palm Coast na Florida, Estados Unidos, no início de 2021. Segundo a reportagem da SIC, o emigrante português terá doado mais de 10 mil euros, valor máximo permitido por lei, ao partido de André Ventura.

A reportagem denunciou ainda alguns negócios duvidosos de Caesar DePaço e a ligação de membros do Chega à Fundação DePaço, fundada em 2020, mas sem estar ainda registada formalmente.

André Ventura, líder do Chega, reagiu à demissão dizendo que Cabo Verde devia preocupar-se com “a política interna” do país e “não se preocupar com o crescimento do Chega em Portugal ou os seus apoiantes”.

Na oposição de Cabo Verde, a presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, exigiu ontem, terça-feira explicações do Governo.

“A situação parece ser tão grave que quero crer que não terei percebido bem! Então, um dos maiores financiadores do Chega [partido político português] é cônsul honorário de Cabo Verde na Florida, EUA”, questionou a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV)

“Qual a relação de Cabo Verde com a extrema-direita Portuguesa? Minha gente, estamos a falar da extrema-direita. Um potencial financiador da extrema-direita em Portugal e que está a representar o nosso país? A situação é grave demais”, escreveu nas redes sociais Janira Hopffer Almada, acrescentando que o Governo “deve explicações”.

“E não é admissível que o ministro das Relações Externas [Negócios Estrangeiros] se limite a dizer que desconhece o ‘historial’ do Cônsul de Cabo Verde, porque não as pediu”, afirmou ainda a líder do PAICV.

 

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