BENFICA DIVULGA RESPOSTAS AO NY TIMES SOBRE CASO RUI PINTO

FUTEBOL - Benfica como FC Porto, jogo da 7 jornada do campeonato nacional, realizado no Estadio da Luz. Domingo 07 de outubro de 2018 (ASF/ALEXANDRE PONA)

Face ao artigo publicado no New York Times sobre a polémica em torno da nomeação do juiz Paulo Registo para o processo relacionado com Rui Pinto, o Benfica decidiu publicar, na integra, as respostas às perguntas que foram levantadas pelos profissionais daquele órgão de comunicação norte-americano.

 

Reforçam os encarnados que o clube da Luz é «totalmente alheio» ao processo atualmente em curso envolvendo o hacker Rui Pinto, «não tendo qualquer envolvimento, nem qualquer ligação, nem participação em qualquer qualidade» no referido processo.

 

Eis as questões colocadas pelo NYT e as respostas enviadas pela equipa jurídica do Benfica:

 

Pergunta 1. Deparei-me com uma apresentação de 49 páginas do Benfica que explica os objetivos do clube e um deles parece ser o de influenciar o ambiente externo. A página final é uma casa com o título « Casa Estratégica ». O slide fala sobre como influenciar a federação, os órgãos políticos, os media e a comissão de arbitragem. Pode comentar este documento?

 

RESPOSTA. O Benfica tem vários documentos e apresentações feitas pelos seus profissionais sobre as « Casas do Benfica ». As « Casas do Benfica », se não tem conhecimento, são grupos organizados de apoiantes do Benfica, espalhados pelo mundo inteiro. Em nenhum dos documentos ou apresentações preparadas pelo Benfica, incluindo no que respeita às « Casas do Benfica », os profissionais do Benfica atuaram ou sugeriram quaisquer ações, que não fossem perfeitamente legais. O mesmo se aplica ao documento que refere, assumindo naturalmente que se trata de um documento que seja propriedade do Benfica.

 

Pergunta 2. Algumas pessoas dizem que o Benfica tem uma influência pouco saudável nos órgãos de poder de Portugal. O que é que se diz a isto?

 

RESPOSTA. « Algumas pessoas » dizem tudo o que querem em relação a qualquer questão que queiram – especificamente quando são « pessoas » escondidas atrás de cortinas de fumo. Há muitas « pessoas » que falam da influência pouco salutar das empresas norte-americanas e mesmo do seu governo sobre os negócios em países estrangeiros, como decisões políticas de outras nações soberanas (e vice-versa, como a Ucrânia). Como jornalista, é preciso saber a diferença entre alegações com objetivos noticiosos concretos e alegações evidentes de influências perniciosas nos órgãos de poder de qualquer país. As teorias da conspiração são o « alimento » diário da Internet, das redes sociais e, infelizmente, até de jornais de confiança e conceituados.

A primeira pergunta que alguém deve fazer é « quem » são as « algumas pessoas »? Os adversários do Benfica? Os adversários profissionais dos apoiantes de renome do Benfica? « Algumas pessoas » que querem ganhar campeonatos sem terem capacidade para o fazer, e assim usam todo o tipo de argumentos para falsamente reclamar contra o Benfica? E, também, aqueles que usam roubos, pirataria, que fazem campanhas de difamação, etc?

Não nos esqueçamos que para atacar o Benfica, o maior e mais competente clube de futebol de Portugal, alguém pagou a hackers/piratas e assaltantes para obter informações comerciais sigilosas. Se algo semelhante ocorrer nos EUA, as autoridades, como o Departamento de Justiça, FBI, e até órgãos políticos, etc., estariam a perseguir e a acusar os hackers, os assaltantes e os agentes de difamação.

Uma pergunta muito interessante, que alguém faria, seria também: porque é que uma Fundação norte-americana está tão interessada em suportar os custos da vida e da defesa de um hacker/criminoso? Será normal, e algo de que nos possamos orgulhar, que uma instituição legítima apoie atividades criminosas? O que diriam ou pensariam o Departamento de Justiça, o FBI e o Congresso dos EUA sobre uma instituição privada de renome norte-americano que financia criminosos ou atividades criminosas em todo o mundo?

 

Pergunta 3. Processaram criminalmente Rui Pinto por ser a cara por trás do ataque ao Benfica?

 

RESPOSTA. O Benfica procura justiça contra todos os criminosos que invadiram, assaltaram e insultaram esta instituição centenária. Infelizmente, mesmo para uma instituição como o Benfica, é muito difícil opor-se a pessoas que estão a ser financiadas (em circunstâncias muito suspeitas) por entidades sediadas no estrangeiro com a cooperação de grupos internacionais de hackers (e também de antigos políticos que estão a preparar a sua futura carreira política, já que se encontram fora de cena neste momento). Seria uma investigação muito interessante: quem e porque está, fora da Europa, a financiar atividades criminosas na Europa relacionadas com o futebol e outras instituições (por exemplo, económicas, industriais, políticas, etc.).

Quem sabe, um dia serão descobertas « ligações perigosas » entre algumas fundações privadas, jornais, políticos e jornalistas dos EUA e da Europa, com os ataques injustos que o Benfica tem vindo a sofrer. Mas, nesse momento, também serão divulgados os objetivos dessas campanhas, tais como a origem do dinheiro utilizado para esse fim. O jornalista que divulgar essa informação ganharia um Pulitzer.

 

Pergunta 4. Algumas pessoas descrevem a influência do Benfica como sendo… a de um polvo com tentáculos que se estendem por muitos cantos do Estado Português e da cena futebolística. Como descreveria esta metáfora?

 

RESPOSTA. Algumas investigações judiciais e decisões do Tribunal (e não « algumas pessoas », como mais uma vez diz na sua pergunta) já demonstraram e decidiram onde está o polvo, quem é o polvo e porque é que alguns clubes rivais do Benfica estão tão preocupados em derrotar o Benfica fora das competições desportivas… uma vez que não estão à altura para competir desportivamente contra o Benfica, tentam ao máximo atacar com falsas acusações.

Quantos adeptos do FC Porto e do Sporting (ou de outros clubes) e suas direções têm posições importantes no panorama do futebol e ocupam posições muito importantes nos órgãos governamentais, administrativos e judiciais portugueses? Quantos deputados, ministros, governadores, presidentes de câmara, presidentes de instituições públicas, diretores de empresas públicas, juízes e procuradores são adeptos de outros clubes de futebol? Existe alguma estatística à sua disposição para comparar e colocar essa questão?

Quando é que a preocupação com as « guerras do futebol português » começou a suscitar tal interesse junto do público geral nos EUA, das fundações, das pessoas e dos jornais? Vende realmente jornais (ou garante likes) entre os seus leitores? Quando é que a alegada « influência pouco saudável » do Benfica na sociedade portuguesa começou a estar sob os holofotes dos leitores do NYT?

 

Pergunta 5. Numa assembleia geral, um membro do clube foi apanhado em filme a criticar a forma como o clube era gerido e todas as alegações que enfrentava. Ele foi aparentemente atacado pelo presidente do clube, Luís Filipe Vieira. Quer comentar esse episódio?

 

RESPOSTA. Em todos os grandes clubes desportivos do mundo, quando falamos de instituições centenárias que suscitam a paixão e os sonhos de milhões de pessoas em todo o planeta, é habitual as assembleias gerais serem vívidas, apaixonadas e até dramáticas. Os prós e os contras típicos da política também ocorrem nestes clubes especiais. Só quem não tem conhecimento absoluto da paixão que o futebol desperta (típica de países onde o futebol quase não tem relevância), pode achar estranho que numa Assembleia Geral ocorra algum exagero verbal. Não foi a primeira vez e supomos que não será a última. Não só no Benfica. Também, noutros clubes, durante a Assembleia Geral, as forças policiais são chamadas para garantir a vida e a integridade física dos diretores. Não foi esse o caso durante o episódio referido na sua pergunta.

 

Pergunta 6. Um ex-funcionário do clube, Paulo Gonçalves, foi acusado de subornar um funcionário do Ministério da Justiça para obter informações sobre casos que possam implicar o Benfica. Acha que ele estava a representar o Benfica? O Benfica ainda faz negócios com o Sr. Gonçalves?

 

RESPOSTA. Em primeiro lugar, não há qualquer referência a nenhum funcionário do Ministério da Justiça. Com certeza que a informação que recebeu não é exata e correta, foi-lhe dada uma tradução enganosa. No processo judicial, foi um oficial de justiça auxiliar que foi acusado. Não foi um funcionário do Ministério da Justiça. Em segundo lugar, o Sr. Gonçalves também não dirigente da SAD do Clube, conforme decisão dos Tribunais confirmada duas vezes por dois Tribunais diferentes.

Em terceiro lugar, e estranhamente, a sua informação sobre a existência e o resultado deste processo penal está bastante atrasada no tempo – estranharíamos um tal nível de « desconhecimento » sobre o que aconteceu. Todos os meios de comunicação social (alguns internacionais) espalharam a notícia há mais de um ano, o que torna a sua pergunta anacrónica: foi provado num tribunal de 1.ª Instância e confirmado num Tribunal de recurso, que o Benfica não tinha, nem tem, interesse na influência sobre os atos desse trabalhador de um pequeno tribunal numa pequena cidade do interior de Portugal. E, também, nenhum interesse, poder ou influência sobre a vida privada do Sr. Gonçalves (quem são os seus amigos, colegas, contactos, etc.).

Tanta informação em falta por trás desta questão (especialmente vinda de um jornalista tão importante e bem informado) não é facilmente compreensível.

 

Reportagem Jornal a Bola.

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