António Costa é contra ameaça de sanções europeias ou internacionais ao Brasil e diz: « O país precisa de solidariedade, não de sanções ». A oposição da França e da Irlanda ao acordo comercial entre a Europa e o Mercosul « é conhecida desde sempre porque querem defender a sua produção bovina », afirma o primeiro-ministro. A tragédia dos incêndios na Amazónia não deve ser utilizada para « aumentar o número de problemas que existem nestas relações entre a Europa e o Brasil », acrescenta António Costa.
O primeiro-ministro, António Costa, rejeita a ideia da França de sair do acordo comercial com o Mercosul por causa da vaga enorme de incêndios na Amazónia e a proposta da Irlanda de a UE suspender as importações de bovinos do Brasil.
« O Brasil precisa de solidariedade, não de sanções. O que nós precisamos é que haja intervenção para ajudar a salvar a Amazónia, não é aumentar o número de problemas que existem nestas relações entre a Europa e o Brasil », afirmou António Costa aos jornalistas, durante uma visita à Fatacil, em Lagoa, no Algarve.
A oposição da França e da Irlanda ao acordo comercial entre a Europa e o Mercosul « é conhecida desde sempre », afirma o primeiro-ministro, porque « querem defender a sua produção bovina ».
“Mercosul é um acordo comercial muito importante para a economia portuguesa, que esteve mais de 20 anos a ser negociado, em que finalmente houve um acordo, em julho (…). A tragédia não deve ser utilizada, por aqueles países que sempre se opuseram, para reabrir o tema”, alertou o primeiro-ministro português, lembrando a historial de relações fraternas entre Portugal e Brasil.
A questão dos incêndios da Amazónia, que está a concentrar as atenções em todo o mundo, deve merecer a solidariedade para com o povo brasileiro, defende António Costa, e não ser utilizada para um braço de ferro comercial.
« A Amazónia é um dos maiores pulmões do mundo, portanto, o que acontece na Amazónia diz respeito aos cidadãos de todo o mundo, é um problema global. Queria manifestar a nossa total solidariedade para com o povo brasileiro, com o Brasil, pela situação dramática que se está a viver. E devemos manifestar toda a disponibilidade de apoio que o Brasil entenda que precisa para enfrentar esta situação que nos tem que preocupar a todos. Agora, não podemos confundir o que está a acontecer na Amazónia com um acordo comercial muito importante », frisou o primeiro-ministro.
António Costa acrescenta que o acordo é “muito importante”, que não é apenas um compromisso comercial, mas que tem também uma “cláusula ambiental muito importante”.
O acordo Mercosul inclui regras de defesa e conservação da natureza e salvaguarda dos ecossistemas mas segundo o primeiro-ministro não deve ser posto em causa devido aos atuais graves incêndios.
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