Brasil rejeita ajuda do G7 para a Amazónia. Aconselha Macron a ocupar-se das suas « colónias »

« O Brasil rejeita a ajuda do G7 para combater os incêndios na Amazónia », escreve o jornal Le Monde, que acrecenta: « Os países do G7 propuseram várias medidas recusadas por Brasília, que aconselha Emmanuel Macron a ocupar-se das suas colónias ».

O jornal Público escreve: O Presidente brasileiro acusou o seu homólogo francês de tratar o Brasil como se fosse uma “colónia”, depois de este ter anunciado um apoio do G7 ao combate às chamas na Amazónia. Macron respondeu-lhe: “O Brasil merece ter um Presidente à altura do cargo”

Pelo seu su lado, a agência Lusa escreve: Ministro brasileiro diz que Governo rejeitará ajuda financeira do G7 para a Amazónia

Ministro brasileiro diz que Governo rejeitará ajuda financeira do G7 para a Amazónia

O ministro da Casa Civil brasileiro, Onyx Lorenzoni, afirmou na segunda-feira que o Governo rejeitará a ajuda de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) oferecida pelo G7 para combater os incêndios na Amazónia.

A informação foi obtida pelo portal de notícias G1, tendo sido confirmada pela assessoria do Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.

« Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. Macron (Presidente francês) não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa igreja que é património da humanidade (incêndio na Catedral de Notre-Dame) e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colónias francesas », disse Onyx ao G1.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater o incêndio na maior floresta tropical do mundo.

Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Porém, Onyx Lorenzoni acredita que Macron poderá ter « objetivos colonialistas » na ajuda atribuída pelo G7.

« O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron », acrescentou o ministro da Casa Civil.

As declarações de Onyz assemelham-se às do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, que quando confrontado com a oferta de ajuda do G7 mostrou ter dúvidas acerca da intenções desses países.

« Será que alguém ajuda alguém, a menos que seja pobre, sem retorno? Isto é, sem esperar por algo em troca », questionou Bolsonaro, junto à entrada do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

O chefe de Estado do Brasil mostrou a capa do jornal brasileiro « O Globo », cuja manchete principal dizia: « Macron promete ajuda dos países ricos para a Amazónia ».

Com o jornal nas mãos, Jair Bolsonaro insistiu e perguntou: « O que eles querem na Amazónia por tanto tempo? ».

Sem mencionar qualquer país em particular, o Presidente brasileiro disse que, no final da semana passada, falou com « líderes excecionais » sobre a grave situação gerada pelos incêndios na Amazónia, que na sua opinião realmente desejam colaborar com o Brasil na luta contra as chamas.

No entanto, numa aparente alusão a Macron, acrescentou que não conversou com aqueles que, no seu entender, querem « continuar vigiando o Brasil ».

Posição diferente teve na segunda-feira o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que afirmou que a ajuda anunciada pelo G7 aos países atingidos pelos incêndios da Amazónia é « sempre bem-vinda ».

« Acho uma excelente medida, é muito bem-vinda », disse Salles, citado pelo portal de notícias G1.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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