Campeões olímpicos “sem palavras” para receção “inacreditável” no Porto

Campeões olímpicos “sem palavras” para receção “inacreditável” no Porto (Foto. Didier Caramalho).

Os ciclistas portugueses Iúri Leitão e Rui Oliveira, os campeões olímpicos de madison em Paris 2024, assumiram-se hoje « sem palavras » para a receção que os esperava no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, após uns Jogos Olímpicos históricos.

« Não há palavras. Ao nível de quem é campeão olímpico. Muito bonito ver estes portugueses aqui a festejar connosco. Sinceramente, não esperava tanta gente. É muito especial, obrigado a todos« , disse Rui Oliveira, aos jornalistas. Os dois ciclistas, campeões olímpicos de madison, com Leitão a trazer também a prata do concurso de omnium, demoraram a assimilar a receção por mais de um milhar de pessoas, entre elas, o nosso jornalista Didier Caramalho que teve a oportunidade de conversar com Iuri Leitão:

 

Iuri Leitão e Rui Oliveira com Didier Caramalho no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto

Ainda incrédulo, além de quase afónico dos festejos, Rui Oliveira nota os Jogos Olímpicos como « o culminar do sonho de um atleta », depois de outras provas internacionais como Europeus e Mundiais, e trouxeram logo o ouro.

« Ainda não me cabe na cabeça que somos campeões olímpicos. Temos de desfrutar deste momento, espero que todos estejam connosco e não se esqueçam do ciclismo de pista. Em outubro, há Campeonato do Mundo, e ano após ano vamos continuar a tentar crescer », reforçou.

O ciclista de Vila Nova de Gaia, de 27 anos, não deixa de reforçar a necessidade de que a onda de apoio que têm recebido, e que hoje se manifestou no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, continue nos próximos tempos.

« Espero que este seja um pequeno passo para que as pessoas se abram não só ao ciclismo, como às outras modalidades. Continuem a apoiar o ciclismo de pista, continuem a apoiar as outras modalidades, em que também tivemos diplomas. Foi um grupo fantástico. Agradeço a todos, mas continuem a apoiar », insistiu, elogiando a solidariedade entre atletas nacionais: « Se fazemos isto com tão pouco, imaginem que não se lembram só de nós em ano de Jogos Olímpicos para pedirem medalhas ».

Já Iúri Leitão, campeão do mundo e ‘vice’ olímpico no omnium, foi questionado sobre se gostaria de receber uma receção destas todos os anos, tendo ironizado na resposta para colocar em perspetiva o feito que lograram.

« Se eu conseguisse manter essa consistência, se calhar era um dos melhores da história… Felizmente tenho tido dois, três anos muito bons. Vamos tentar manter o nível, mas é muito complicado », explicou.

O vianense regressou a Portugal no dia seguinte à Cerimónia de Encerramento, no Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris, onde foi porta-estandarte da Missão lusa, ao lado da judoca Patrícia Sampaio, bronze na categoria -78 kg e primeira dos quatro medalhados nacionais.

« O Pedro Pichardo [prata no triplo salto] não estava lá, mas celebrámos o encerramento dos Jogos. Foi uma cerimónia muito bonita e deu para estar com todos os atletas, coisa que não conseguimos [durante as competições]. Essa partilha e experiência foi importante », descreveu.

Fernando Pimenta encorajado pelos fãs a prosseguir carreira

O canoísta Fernando Pimenta assumiu hoje que tem sido encorajado pelos seus seguidores a continuar uma carreira repleta de medalhas internacionais, após um frustrante sexto lugar na final de K1 1.000 metros dos Jogos Olímpicos Paris2024.

“Muitos portugueses, e não só, têm-me escrito mensagens a pedir para eu continuar. Depois de uma época tão difícil como esta, já me passou pela cabeça atirar a toalha ao chão. Senti-me muito cansado, às vezes sem cumprir objetivos, mas este empurrão ajuda bastante”, confidenciou aos jornalistas, após a chegada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

O limiano, de 34 anos, falhou a possibilidade de se tornar o primeiro português a conquistar três medalhas olímpicas na quarta participação em Jogos, após a prata em Londres2012, em dupla com Emanuel Silva, na prova de K2 1.000 metros, e o bronze em Tóquio2020, na sua distância predileta.

“Sinceramente, não senti peso nenhum. Foi o que sempre disse: havia uma probabilidade de conseguir uma medalha, mas também havia de não conseguir nenhuma. Infelizmente, saiu esta última probabilidade que não queríamos”, lamentou.

Fernando Pimenta terminou a final em 3.29,59 minutos, a 5,52 segundos do novo campeão olímpico, o checo Josef Dostal (3.24,07), num pódio completado pelos húngaros Ádám Varga (3.24,76) e Bálint Kopasz (3.25,68).

“Estava no lote dos candidatos, mas no final não me consegui encontrar bem. Fiz basicamente o mesmo tempo do que na meia-final, na qual tive uma boa gestão. Senti que dei o meu máximo, mas não dei o meu melhor. Quando assim é, ficamos tristes. Queria trazer uma medalha para Portugal. Saí de lá sem qualquer medalha, mas com o moral muito em alta pelo apoio de todos os portugueses”, reiterou.

Com desfecho idêntico ao Rio2016, onde foi quinto colocado em K1 1.000 e sexto em K4 1.000, o canoísta voltou a ficar aquém da única medalha em falta num extenso palmarés, com um total de 145 pódios, entre Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus.

“Nem uma medalha consegue reconfortar esses momentos duros de treinos e de ausência da família. Passámos muito tempo em estágio e receber este carinho ajuda, não só a mim, mas também à minha família, aos amigos e a quem me apoia, porque sentem que estão numa onda de energia positiva”, valorizou.

Os Mundiais de distâncias não olímpicas e de maratonas seguem-se na agenda de Fernando Pimenta, que almeja uma quinta presença olímpica em Los Angeles2028, nos Estados Unidos, onde Messias Batista espera melhorar o sexto lugar alcançado com João Ribeiro no K2 500 metros.

“Já se passaram alguns dias da final. Não vou esconder a tristeza que tenho de não poder partilhar uma medalha olímpica com o João. Tínhamos indicadores que nos permitiam sonhar com isso, mas tenho de estar orgulhoso destes anos que fiz com o meu parceiro. Estou de consciência tranquila de que fizemos todos os possíveis para chegar a Paris2024 na melhor versão, mas o desporto é assim”, atirou.

Oitavos colocados na final de K4 500 em Tóquio2020, a par de Emanuel Silva e David Varela, Messias Batista e João Ribeiro partiram para França como campeões mundiais de K2 500 e apontavam às medalhas, mas não passaram do diploma olímpico.

“Não há ‘replay’ e isso é que torna o desporto interessante. Os Jogos Olímpicos têm um pouco esse mistério de naquele momento ter de correr tudo bem. Não desprezo os adversários, que foram melhores, mas gostava de estar aqui a festejar com uma medalha”, admitiu, logo após ter testemunhado uma receção apoteótica dos campeões olímpicos Iúri Leitão e Rui Oliveira, vencedores da prova de madison de ciclismo de estrada, no aeroporto.

Messias Batista promete espairecer a mente depois do Mundial de distâncias não olímpicas, ciente de que “há novas oportunidades” a cada novo ciclo olímpico, cenário ininterruptamente vivido pela também canoísta Teresa Portela desde Pequim2008.

“Sinto que estou bem, mas se [em 2028] forem os meus sextos Jogos, será porque as coisas se encaminharam. Estou muito tranquila com o que tenho feito”, assumiu.

Portela assegurou estar satisfeita pelo 10.º lugar obtido perante “excelentes atletas” no K1 500 metros, após ter falhado por 41 centésimos de segundo a presença na decisão principal, sendo relegada para a final B, na qual foi segunda classificada.

“Nunca fui à procura de ser a que tem mais Jogos Olímpicos, as coisas sempre foram acontecendo. Sinto-me muito tranquila com o que fiz e estive muito competitiva nos Jogos, a ficar praticamente no top 10”, recordou a esposendense, cuja melhor classificação individual foi o sétimo lugar em K1 1.000 em Tóquio2020.

Rádio Alfa com Lusa

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