Charles Michel lidera o Executivo da Bélgica, que em dezembro do ano passado se demitiu e para o qual ainda não foi encontrada solução. Demitiu-se porque assinou o Pacto das Migrações das Nações Unidas, o que levou à demissão de parte dos seus ministros. A Michel pede-se união e consensos.
Alfa/Expresso, por Marta Gonçalves
Procurar consensos e construir a união entre os Estados Membros. Estas são as tarefas da mini lista de prioridades deixadas por Donald Tusk ao homem que o vai suceder: Charles Michel, primeiro-ministro belga que se demitiu em dezembro do ano passado mas que continua a liderar o Executivo que não existe porque ainda não há solução para a liderança de um país perito em estar ao ‘desgoverno’ (em 2010/2011 a Bélgica bateu recordes ao ficar 589 dias sem Governo). Versão curta: Michel é o primeiro-ministro de um Governo demissionário.
O homem a quem se pede consenso e união é o mesmo que não conseguiu estes objetivos no seu Parlamento. “Decido portanto apresentar a minha demissão e a minha intenção é deslocar-me ao rei imediatamente”, anunciou a 18 de dezembro de 2018, na Câmara dos Deputados, quando a esquerda ameaçara apresentar uma moção de censura. Dias antes, Michel tinha regressado de Marraquexe, onde assinou o pacto global da Organização das Nações e que levou a que os seus ministros do maior partido da coligação que liderava se demitissem.
Desde então, não há Governo na Bélgica. Há pouco mais de um mês realizaram-se eleições legislativas que foram ganhas pelo N-VA, partido nacionalista flamengo. Os partidos ainda estão em negociações, mas dificilmente o partido de Michel vai conseguir formar coligações para consituir Governo.
“Ser nomeado presidente do Conselho Europeu é uma grande responsabilidade e uma tarefa que irei cumprir com compromisso. Uma Europa unida com respeito pela diversidade nacional é o meu objetivo. Solidariedade, liberdade e respeito mútuo são as bases da União Europeia. E irei guiar-me por estes valores”, escreveu nas redes sociais o presidente do Conselho Europeu que vai assumir funções apenas a 1 de dezembro. Em três presidentes do Conselho Europeu, esta será a segunda vez que o cargo vai ser ocupado por um belga.
Michel vêm da família europeia liberal. Ou seja, faz parte da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (conhecida como ALDE), que é pró Europa e que, no espectro político, pode ser alinhada ao centro.Paternidade anunciada por Obama
Quando assumiu funções como primeiro ministro da Bélgica, Charles Michel era o mais novo chefe de Governo do país nos últimos 170 anos. Licenciado em Direito, é filho de um conhecido político belga, Louis Michel (ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, comissário europeu para os assuntos de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária e, mais recentemente, eurodeputado).
Charles Michel nasceu em Namur, no sul da Bélgica. Estudou na Universidade Livre de Bruxelas e também na Universidade de Amesterdão. Liderou os jovens liberais belgas, passou por vários cargos políticos na província do Brabante Valão, ainda exerceu a advocacia e, em 1999, chegou ao parlamento federal e foi ministro para o Desenvolvimento e Cooperação. Torna-se porta-voz do Movimento Reformador, cresce dentro do partido e assume a sua presidência em 2011, cargo em que permanerce até à sua eleição como primeiro-ministro em 2014.
A sua língua nativa é o francês. Fala fluentemente flamengo e inglês – aliás todos os seus posts nas redes sociais são publicados nos três idiomas.
Casado há cerca de dez anos com Amelie Derbaudrenghien, funcionária pública que conheceu enquanto era ministro, tem uma filha em comum (Michel tem uma filha mais velha, 16 anos, de um casamento anterior).
Episódio caricato: foi Barack Obama que divulgou aos jornalistas que Michel e Derbaudrenghien seriam pais. Tudo aconteceu em outubro de 2015, quando o primeiro-ministro belga visitou a Casa Branca – ainda habitada pelo casal Obama. “Parece que somos uma equipa de cinco”, disse o então presidente norte-americano, quando na verdade ali só estavam presentes os Obama, Michel e Amelie Derbaudrenghien. O casal confirmou a notícia pouco depois e Jeanne nasceu em janeiro.