“Chega”. Manifestação contra o antissemitismo reúne 20 mil pessoas em Paris. Macron foi o grande ausente na manifestação contra a vaga de ataques antissemitas que tem acontecido um pouco por todo o país. Os crimes antissemitas cresceram 74% em 2018, segundo dados das autoridades francesas
Milhares de parisienses juntaram-se esta terça-feira a membros do Governo, autoridades locais e figuras públicas para uma demonstração nacional contra o antissemitismo.
« Chega » foi a palavra de ordem utilizada para marcar esta demonstração coletiva da cidade de Paris contra a vaga de ataques antissemitas que tem acontecido um pouco por todo o país.
O Partido Socialista francês, que lançou o mote desta iniciativa, estima que tenham estado presentes cerca de 20 mil pessoas esta noite, na Praça da República, na capital francesa.
Hillel de Almeida é casado com um judeu com origens portuguesas e considera que o antissemitismo na sociedade francesa « é um sintoma » dos problemas da discriminação que se vive em França.
Os crimes antissemitas cresceram 74% em 2018, segundo dados das autoridades francesas, e na noite de segunda-feira, antes desta manifestação nacional, mais um cemitério judeu foi profanado, desta vez na região da Alsácia.
O estudante considera que é preciso travar os sintomas deste ódio nas redes sociais, mas também desconstruir o preconceito nas escolas.
“PUNIR SEVERAMENTE OS QUE PÕEM EM CAUSA O QUE SOMOS”
Presente também nesta manifestação, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, prometeu medidas legislativas para lidar com este aumento exponencial de crimes de ódio contra a comunidade judaica.
« Reunirmo-nos não é suficiente, mas é necessário. Haverá provavelmente também um trabalho legislativo para tomar as medidas necessárias e punir severamente todos aqueles que põem em causa o que somos. Esta concentração, calma e solene, diz muito sobre o que somos », afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas.
Outras manifestações do mesmo tipo realizaram-se a noite passada em várias cidades em França.
Em Paris, a iniciativa contou ainda com a presença de dois ex-Presidentes. François Hollande afirmou que o antissemitismo « é um flagelo » e « diz respeito a todos os franceses », enquanto Nicolas Sarkozy disse confiar que tanto o Governo como o Presidente vão « tomar as medidas necessárias » para travar estes « comportamentos irresponsáveis ».
Já Emmanuel Macron foi o grande ausente. O Presidente preferiu uma homenagem mais privada à comunidade judaica, visitando o Memorial da Shoah, em Paris, acompanhado por Gérard Larcher, presidente do Senado, e Richard Ferrand, presidente da Assembleia Nacional.
Antes, o Presidente francês visitou ainda o cemitério judeu profanado de segunda para terça-feira.