« When Love is All You Have » é a Melhor Longa-Metragem nos Olhares do Mediterrâneo
Em comunicado, a organização do festival, que teve este ano sessões ‘online’, para contornar a pandemia, revelou que o júri, composto pelos cineastas e programadores Anna da Palma, Frederico Serra e Miguel Valverde, considerou o filme « emocionante de autenticidade e de simplicidade”, e que a realizadora “está sempre ao lado do seu personagem e protege-o”.
O filme, “entrando na intimidade e no quotidiano de um cantor amador, revela um carismático jovem que, ao descobrir a poesia de Jacques Brel, vai ao encontro das suas raízes argelinas”, explicou o júri.
A ficção “Between Heaven and Earth”, de Najwa Najjar (co-produção Palestina, Luxemburgo, Islândia), foi agraciada com uma Menção Honrosa, com o júri a considerar que « a esfera privada torna-se política, neste filme que, contando a história de um casal em plena crise (e prestes a divorciar-se), examina, ao mesmo tempo, as relações complexas e dramáticas no Médio Oriente.”
Como Melhor Curta-Metragem foi escolhida, pelo júri, composto pelos investigadores, produtores e programadores Ana Catarina Pereira, Jesús Soria e Rita Capucho, o filme francês “Matriochkas”, de Bérangère Mc Neese, que aborda a temática da « herança materna e genética, o romper de um ciclo e a construção de novas vivências e memórias”.
O júri considerou que “a moldura humana do filme é muito coadjuvada pela excelente direção de atores, pela realização e produção deste filme provocador, original e esperançoso”.
Foram ainda atribuídas três Menções Honrosas na mesma categoria aos filmes “The Load”, de Giulia Giapponesi (Itália), « The Golden Age”, de Eric Minh Cuong Castaing (França), “Extra Safe”, de Nouran Sherif (Egipto).
O filme vencedor da Competição Travessias foi o documentário « #387 », de Madeleine Leroyer, uma coprodução de França, Bélgica, Itália, por ser, de acordo com o júri, “um trabalho abissal e persistente, com um dispositivo de realização que procura os seus personagens sem saber se os irá encontrar”.
O júri, composto pelas investigadoras Cristina Roldão, Faranaz Keshavjee e Catarina Simão, atribuiu ainda uma Menção Honrosa ao documentário israelita “A Fish Tale”, de Emmanuelle Mayer.
Já na secção Começar a Olhar – Filmes de Escola, Elsa Mendes, do Plano Nacional de Cinema, a realizadora Graça Castanheira e a programadora Susana Santos Rodrigues atribuíram o prémio ao filme de animação “Stepless”, de Nadège Jankowicz (coprodução Portugal e Alemanha).
O mesmo júri atribuiu ainda três Menções Honrosas à ficção israelita “Cindy”, de Shemer Gaon Baraba, ao documentário “Sonder”, de Ana Monteiro (co-produção Portugal-Polónia), e à animação portuguesa “Still Life”, de Francisca de Abreu Coutinho .
Na edição 2020 do Festival Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, devido aos constrangimentos organizativos determinados pela medidas de segurança contra a covid-19, não foi possível atribuir o tradicional Prémio do Público.
À semelhança do sucedido na edição anterior, os troféus dos prémios foram concebidos e executados pelas alunas da turma de cerâmica da Escola António Arroio, em Lisboa.
Olhares do Mediterrâneo é o primeiro e mais antigo festival de cinema no feminino em Portugal, e é o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo.
O Festival é um projeto do grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, sendo dirigido por Antónia Pedroso de Lima, Sara David Lopes e Silvia di Marco.
Nesta sétima edição, que começou no dia 23 de novembro, houve mais de 50 filmes, escolhidos entre 400 submetidos, com a organização a alargar os limites geográficos e temáticos para lá da linha do Mediterrâneo, « com histórias que vão desde a Polónia à Coreia do Sul, da Libéria ao Afeganistão, passando por locais virtuais e imaginários ».