Classificação fonográfica da obra de Zeca Afonso “fundamental” para gerações futuras – Governo

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Alfa/Lusa
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A ministra da Cultura considerou ontem, domingo, que a classificação fonográfica da obra de Zeca Afonso é « fundamental » para preservar aquele património sonoro e para que as gerações futuras possam conhecer o marco que o músico deixou na história de Portugal.

« Portugal é som através de Zeca. E este [a classificação fonográfica] é um gesto de reconhecimento institucional, mas simultaneamente uma medida essencial para garantir que será sempre possível conhecer a sua obra hoje e durante muitas décadas e durante muitas gerações que hão de vir », apontou Graça Fonseca.

A ministra falava em Belmonte, distrito de Castelo Branco, onde hoje foi inaugurada uma estátua em tamanho real do músico português, que ontem completaria 91 anos.

A homenagem realizada na terra onde Zeca Afonso viveu algum tempo da sua infância foi também a oportunidade escolhida pela ministra da Cultura para reafirmar a importância da obra do músico.

« A sua música foi ponto de encontro para os portugueses, luz em tempos escuros e festejo na hora da liberdade. Os seus poemas e seus sons são testemunhos daquela obra decisiva », afirmou.

Uma relevância que, frisou a governante, o Ministério da Cultura também assinala ao dar início ao processo de classificação da obra fonográfica do músico José Afonso, como « conjunto de bens móveis de interesse nacional ».

Lembrando que esta é a primeira vez que, em Portugal, que se inicia a classificação de uma obra fonográfica, Graça Fonseca destacou que a decisão foi tomada em « articulação » com a família de Zeca Afonso, com o principal objetivo de « recolher, investigar e apurar » todo a informação e património sonoro deixado pelo músico.

Reiterou ainda a importância de esse trabalho ser, depois, legado às gerações futuras que, deste modo, vão poder ouvir os originais de Zeca Afonso e saber a importância da sua música e o lugar que teve na história de Portugal, ao ser escolhida como uma das senhas da Revolução do 25 de Abril.

Graça Fonseca destacou que esta classificação é também um « primeiro passo » para que, no futuro, Portugal tenha « um arquivo do som que é património de todos » e que deverá integrar outros sonos determinantes e fundamentais, desde música até, por exemplo, ao som de um animal em vias de extinção.

À margem da cerimónia, e questionada quanto às recentes polémicas com o setor, a governante frisou que esta classificação, bem como o anúncio da abertura da linha de apoio social complementar a artistas autores e a compra de trabalhos a artistas plásticos portugueses marcam uma semana que, apesar de tudo, teve « bons momentos para a Cultura e para os artistas em Portugal ».

Durante a cerimónia, o presidente da Câmara de Belmonte, António Dias Rocha, também destacou a « grandeza » de Zeca Afonso e a importância de reconhecer o « homem, o músico e o interventor social ».

« Uma estátua a Zeca Afonso, mais do que uma consagração ao homem, é um tributo ao seu ideal humanista, à sua excelência musical, à sua grandeza social, à sua fraternidade, à sua generosidade, à sua simbologia política, à sua dimensão universal, à democracia », apontou o autarca.

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