Mais manifestantes do que previsto. “Coletes amarelos” estão já a manifestar-se em Paris e noutras grandes cidades, apesar de o Governo os ter ameaçado, ontem, com a repressão. Para a tarde de hoje estão marcadas mais manifestações na capital.
Alfa/Expresso. Adaptação, por Daniel Ribeiro
Aparentemente, os “coletes” franceses voltaram a mobilizar-se com alguma força, mas de forma até agora pacífica. Na capital, diversas centenas de manifestantes concentraram-se desde as 10h locais (9h em Lisboa) nos Campos Elísios com o objetivo de, numa primeira fase se deslocarem para a Praça da Bolsa e, a seguir, se reunirem a uma outra manifestação da fação “França em cólera”, que está marcada para as 14h locais, junto à praça da Câmara de Paris.
Ontem o ministro e porta-voz do executivo, Benjamin Griveaux, acusou os “coletes” que se continuam a manifestar de serem “agitadores políticos que apenas querem derrubar o Governo”. O governante ameaçou com a repressão – “faremos respeitar e aplicar a lei, nada mais do que a lei”, disse.
Diversas manifestações decorrem noutras cidades desde o início desta manhã, o que deixa antever uma nova mobilização algo significativa dos “coletes” depois do movimento ter dado sinais de estar em baixa durante o período das festas de Natal e de fim de ano e depois das cedências (no valor de 10 mil milhões de euros) do Presidente Emmanuel Macron ao movimento.
Para esta tarde está marcada a manifestação organizada pela “França em cólera”, cujos líderes mais conhecidos são Éric Drouet, recentemente detido, e Priscillia Ludoski, uma das iniciadoras do movimento dos “coletes amarelos”.
O Governo considera que as recentes cedências aos “coletes”, bem como o lançamento de um “debate nacional” de três meses sobre as suas reivindicações, deveriam ter posto fim ao movimento de protesto inédito e que nasceu na internet.
O porta-voz disse que agora apenas restam nas manifestações elementos “radicais e agitadores”, o que irritou particularmente muitos dos « coletes » que estão hoje a desfilar em diversas cidades francesas.
O protesto já provocou, em mais de mês e meio de manifestações, 11 mortos ( um devido à explosão de uma granada e os outros em acidentes), cerca de 2500 feridos (a maioria manifestantes, mas também polícias), e levou aos tribunais centenas de pessoas.
Segundo uma sondagem, 55% dos franceses continuavam ontem, sexta-feira, a apoiar os “coletes amarelos”.
As palavras de ordem mais ouvidas esta manhã em Paris são as habituais: “Macron demissão”, “RIC” (Referendo de Iniciativa Cidadã) e outras relacionadas com o aumento do poder de compra e a fiscalidade.