Hoje é o dia da verdade para os “coletes” e o Governo franceses. As duas partes radicalizaram os discursos nas últimas horas.
Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro (adaptação)
A “França em cólera”, a mais forte e mais organizada fação do protesto popular nascido na internet (dirigida por Éric Drouet, recentemente detido, e por Priscillia Ludosky, fundadora do movimento dos “coletes”), convocou novas manifestações para Paris e outras cidades e declarou, numa carta aberta, que o Presidente Emmanuel Macron está a conduzir a França para a “guerra civil”.
O Governo respondeu-lhe ontem, sexta-feira, de forma extremamente dura. O ministro e porta-voz do executivo, Benjamin Griveaux, classificou os “coletes” que se continuam a manifestar e a bloquear estradas, como “agitadores que apenas querem a insurreição e deitar o Governo abaixo” e ameaçou com a repressão. “Será aplicada a lei, nada mais do que a lei”, disse o governante.
Para este sábado, foram convocadas diversas manifestações em Paris e noutras grandes cidades francesas.
O Governo considera que as recentes cedências aos “coletes” e o lançamento de um “debate nacional” sobre as suas reivindicações puseram fim ao movimento e que só restam radicais e « agitadores políticos ».
O protesto já provocou, em mês e meio, uma dezena de mortos (em acidentes), cerca de 2500 feridos (a maioria manifestantes, mas também polícias), e levou aos tribunais centenas de pessoas.
Segundo uma sondagem, um pouco mais de 50% dos franceses continuavam nesta sexta-feira a apoiar os “coletes amarelos”.